Se engana quem pensa que o Real é a única moeda em circulação no Brasil. Além dele, existem centenas de outras, chamadas de moedas sociais, já muito usadas em diversas regiões do país.
As moedas sociais estão ligadas a Bancos Comunitários, sobre os quais falei no post anterior, aqui no Conexão. Seu objetivo é fazer com o que o dinheiro circule e gere riqueza na comunidade, na medida em que a moeda social é aceita somente naquela região. Em vez de empregar o dinheiro comprando de grandes marcas, com a moeda social há um incremento da economia local ao incentivar as pessoas a consumirem dos pequenos comerciantes e prestadores de serviço locais.
A primeira moeda social criada no Brasil foi a Palma, vinculada ao Banco Palmas, do Ceará. Em geral, as moedas são lastreadas pelo Real, o que significa que uma Palma tem o mesmo valor de um Real.
O Banco Justa Troca, no Rio Grande do Sul, que é o caçulinha dos bancos comunitários, tem como moeda o Justo. Na cidade de São Paulo, o Banco União Sampaio tem como moeda vinculada o Sampaio.
As moedas sociais circulam por todo o Brasil e seus nomes são muito inspiradores:
– Gostoso (São Miguel do Gostoso, RN),
– Maracanã (Maracanaú, CE),
– Terra (Vila Velha, ES),
– Capivari (Silva Jardim, RJ),
– Trilho (Simões Filho, BA),
– Cajueiro (Cajueiro da Praia, PB),
– Dendê (Fortaleza, CE),
– Sururu (Iguape/BA), que aparece na foto de destaque deste post,
– Saracura (Duque de Caxias, RJ) e
– Vereda (Chapada Gaúcha, MG).
Essas são apenas algumas delas. Em praticamente todos os estados brasileiros há, pelo menos, uma experiência de finanças solidárias.
É comum a política de cada banco oferecer descontos em produtos para quem efetua a compra com a moeda local. As medidas são sempre no sentido de incentivar que os recursos permaneçam na própria comunidade e mantenham a economia local aquecida. As moedas sociais são consideradas complementares à moeda oficial brasileira e como já mencionado aqui, são alternativa importante para o desenvolvimento econômico e social de comunidades.
Hoje, as mais de cem moedas sociais em circulação no Brasil movimentam mais de R$ 6 milhões por ano, seja em crédito produtivo ou em meio circulante físico. Esse universo compõe o sistema financeiro solidário brasileiro ou as chamadas finanças solidárias. Os bancos comunitários são a principal forma de fomento e financiamento de milhares de empreendimentos solidários, urbanos e rurais.
Esses bancos atuam onde os bancos tradicionais não entram e sua importância é muito grande para as populações mais pobres, que organizadas em cooperativas ou associações passam a se tornar sujeitos de seus próprios destinos. O apoio dos bancos proporciona melhora da renda, qualidade de vida e desenvolvimento econômico nos municípios onde estão instalados.
No caso do Banco Palmas, existe inclusive uma moeda social exclusivamente voltada para crianças, a Palminhas, que tem como objetivo proporcionar aos pequenos o acesso à história da comunidade por meio do manuseio da moeda. A intenção é também incentivar a cultura da solidariedade e empoderamento local no meio infantil.
Pra entender melhor o alcance disso tudo e finalizar este post, selecionei vídeo sobre a experiência de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, que implantou o primeiro banco comunitário no estado, o Capivari, e sobre o Banco do Bem, em Vitória, no Espírito Santo:
Foto: DoDesing-s
eu particulamente achei muito interesante e interativo o desenvovimento das comunidades parabens pela iniciativa.