Líder da bancada ruralista, Tereza Cristina será ministra da Agricultura

Ela é a primeira mulher a ser anunciada por Jair Bolsonaro para compor seu governo (parece que, em breve, ele divulgará os nomes de outras quatro), mas não há o que celebrar com esta notícia. A engenheira agrônoma, empresária e deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) é presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), mais conhecida como bancada ruralista. Portanto, à frente do Ministério da Agricultura, defenderá os interesses desse setor. Óbvio.

Caso alguém ainda duvide disso, basta lembrar que, este ano, Tereza recebeu dos colegas – sim, dos amigos de bancada! – o apelido de Musa do Veneno. Isso graças à defesa contundente que fez do projeto de lei 6299/02, de autoria de Blairo Maggi (atual Ministro da Agricultura). Na ocasião, ela presidiu a comissão especial que aprovou esse projeto em junho, a portas fechadas e sem a presença de pesquisadores e especialistas que o combatem de forma veemente, com argumentos científicos. O PL ainda precisa passar pelo Plenário para votação, o que não deve demorar.

Apesar da linguagem amena utilizada pelos defensores desse projeto – dizem, por exemplo, que as alterações são para “atualizar” e “modernizar” a lei -, ele ficou rapidamente conhecido como PL do Veneno ou Pacote do Veneno já que flexibiliza as regras de uso dos agrotóxicos no Brasil, tornando mais fácil e rápida sua aprovação nos órgãos de fiscalização que, no governo de Bolsonaro, devem perder a serventia.

Mais um detalhe que reforça a temeridade desta indicação: ela foi feita a Bolsonaro por um grupo de 20 integrantes da bancada ruralista na última quarta feira, 7/11, no gabinete de transição de governo, em Brasília. A FPA reúne cerca de 260 parlamentares e, segundo o deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), o grupo também deve participar da indicação e  “homologação” para a pasta do Meio Ambiente. Lembrando que a ideia estapafúrdia de fundir os dois ministérios está descartada. Mas o domínio sobre eles não.

Em resumo: os ruralistas estão criando um cerco de poder para ampliar o agronegócio no país, a qualquer custo. Tereza é peça fundamental nesse plano.

Pra finalizar, mais alguns dados de seu currículo: Tereza foi secretária de Desenvolvimento Agrário da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul durante o governo de André Puccinelli (MDB).

Com informações da Agência Brasil 

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.