A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, integrou a comitiva do presidente Lula aos Estados Unidos e participou de encontro com Joe Biden. Mas, em sua agenda, ainda havia uma reunião muito especial em Washington, com representantes das duas principais entidades de filantropia do país, fundadas pelo ator e ativista Leonardo DiCaprio e pelo bilionário Jeff Bezos.
Com os dois fundos privados, ela firmou um acordo que possibilitará a implementação de uma operação emergencial na Amazônia para a recuperação de áreas degradadas pelo garimpo, que inclui a descontaminação dos rios e de pessoas impactadas por esse atividade.
O jornalista Jamil Chade, que acompanhou esse encontro, contou que a ministra insistiu em dizer que expulsar garimpeiros não é suficiente para recuperar a região, é urgente recuperar as áreas degradadas e descontaminar não só os rios, mas também as pessoas. E que ela destacou: “Em algumas áreas, quatro de cada dez crianças estão contaminadas pelo mercúrio”.
As duas entidades se comprometeram a – em apenas 40 dias! – mobilizar onze organizações de filantropia para captar os recursos necessários para que a operação seja implementada o mais rápido possível. Mas o montante arrecadado – o valor não foi divulgado – ainda poderá ser utilizado para apoiar projetos que facilitem a conexão de diversas regiões da Amazônia via internet.
Somando forças
Leonardo DiCaprio costuma usar suas redes sociais para denunciar e criticar países, empresas e pessoas que não se alinham com preservação ambiental e desenvolvimento sustentável. Não foi diferente durante o governo Bolsonaro.
Ficava injuriado com o avanço do desmatamento e as queimadas, que só aumentavam e, por isso, foi atacado de forma veemente pelo ex-presidente. Em dezembro de 2019, por exemplo, Bolsonaro o acusou de financiar ONGS para incendiarem o bioma.
Com o governo Lula e a ministra Marina Silva, o interesse por DiCaprio é de somar forças para recuperar e proteger esse território, o que é recíproco.
Por sua vez, Jeff Bezos mantém uma organização (Bezos Expeditions) que investe em segmentos diversos como tecnologia, viagens espaciais, energia renovável, a cura do câncer, e também em projetos de combate a crise climática e por justiça ambiental, como contamos aqui e aqui.
Nada mais coerente do que o bilionário participar de um movimento tão importante como o que foi acordado com Marina Silva pela Amazônia. Ainda mais neste novo momento do Brasil: em apenas um mês de governo, os alertas de desmatamento na Amazônia diminuíram 61%! Lembrando que Bolsonaro encerrou seu governo com aumento de 60% na devastação.
EUA doam US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia
A viagem de Lula aos Estados Unidos rendeu boas conversas e compromissos entre os dois países. Entre eles, Marina Silva celebrou a adesão dos EUA ao Fundo Amazônia, por se tratar de “uma chancela” que deve facilitar a entrada de fundos privados e facilitar a entrada de fundos privados. “Haverá um efeito catalisador, uma espécie de força gravitacional que irá atrair outros doadores”.
A doação de US$ 50 milhões anunciada pela maior economia do mundo decepcionou, como contamos aqui. Tanto que o Brasil sugeriu que ela não fosse incluída no comunicado final do encontro entre Lula e Biden por ser muito constrangedora, segundo Jamil Chade.
Mas, para a ministra do meio ambiente, mais importante do que a quantia é o endosso americano, porque, historicamente, os governos dos EUA focam em “projetos bilaterais” e não instrumentos como o fundo brasileiro. “Este é o reconhecimento de um mecanismo criado pelo Brasil”.
Interessante observar também a mudança de cenário na qual ocorreu esta viagem em relação à primeira visita de Lula aos EUA como presidente, em 2003. Como lembrou Marina, hoje, os temas ambientais “estão no centro do debate”, não são mais “tabu”.
Leia também:
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Com informações da coluna de Jamil Chade/UOL
Fotos (montagem): Reprodução do Instagram de Leonardo DiCaprio e Amazon/Divulgação (Jeff Bezos)