Principal financiador do Fundo Amazônia, o governo da Noruega anunciou poucas horas após a confirmação da vitória pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do candidato à presidência Luis Inácio Lula da Silva que irá retomar o investimento à iniciativa.
A notícia foi divulgada pelo ministro do Clima e Meio Ambiente, Espen Barth Eide.
“Tivemos uma colaboração boa e muito próxima com o governo antes de Bolsonaro e o desmatamento no Brasil diminuiu muito sob a presidência de Lula da Silva”, disse ele. “Então tivemos uma colisão frontal com Bolsonaro, cuja abordagem era diametralmente oposta quando se tratava de desmatamento”.
Barth Eide afirmou ainda que durante a gestão Bolsonaro o desmatamento aumentou mais de 70% e chegou a um nível “escandaloso”.
Criado em 2008, o Fundo Amazônia promovia e apoiava financeiramente projetos para a prevenção e o combate ao desmatamento e também, para a conservação e o uso sustentável das florestas na Amazônia Legal, área que compreende nove estados brasileiros e corresponde a quase 60% do território nacional.
A Noruega contribuía com 93% dos recursos e o restante cabia à Alemanha. O fundo tinha seus recursos geridos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e os projetos analisados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Até ele ser congelado, tinha apoiado 103 iniciativas e o fundo contava com R$ 3,4 bilhões em caixa.
Todavia, em 2019, o governo Bolsonaro decidiu, por conta própria, tentar mudar as regras do Fundo Amazônia. O então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, declarou que queria usar os recursos da iniciativa para desapropriar terras e tentou ainda colocar dúvidas sobre o trabalho feito pelas ONGs recebedoras do dinheiro.
Naquele ano, o governo norueguês declarou oficialmente a insatisfação em relação à política ambiental do governo Bolsonaro e os índices crescentes de desmatamento na Amazônia, além de ter sido contra o fim do comitê técnico e da diretoria da iniciativa. O ex-ministro do Meio Ambiente Ola Elvestuen citou ainda a preocupação da comunidade científica ao possível “ponto sem volta” da destruição da Floresta Amazônica.
Agora, para a Noruega, com a derrota de Bolsonaro, aposta-se numa gestão mais preocupada com a pauta ambiental no Brasil (leia mais sobre o discurso de Lula após a vitória e seu comprometimento com o desmatamento zero aqui).
“Em relação a Lula, nós observamos que, durante a campanha, ele enfatizou a preservação da Floresta Amazônica e a proteção dos povos indígenas da Amazônia”, disse Barth Eide. “Por isso estamos ansiosos para entrar em contato com sua equipe, o mais rápido possível, para preparar a retomada da colaboração historicamente positiva entre Brasil e Noruega”.
*Com informações do site de notícias Barrons e Bloomberg
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Foto de abertura: Neil Palmer/CIAT/Creative Commons/Flickr
Nossa! Adorei as notícias. Mais investimentos, mais ajuda a nossa floresta
Palhaçada. Tudo interesse em nossas terras. Narrativas mentirosas a cerca de aumento do desmatamento no governo Bolsonaro. A Amazônia é nossa e cabe a nós brasileiros preservar, mas também usufruir.