Na quinta-feira, 30 de julho, a Amazônia registrou mais um triste recorde: 1.007 focos de calor. O número é o maior para um único dia deste mês desde 2005. No ano passado, no mesmo 30 de julho, foram 406 focos de queimadas.
E infelizmente, não foi apenas o dia 30 que apresentou aumento no número de focos de calor. Em julho, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram observados 6.804 alertas de queimadas na Amazônia, um salto de 21,8% em comparação ao mesmo mês de 2019.
“O fato de ter mais de mil focos de calor em um único dia mostra que a estratégia do governo de fazer operações midiáticas não é eficaz no chão da floresta. A moratória, que proíbe no papel as queimadas, não funciona se não houver também uma resposta no campo, com mais fiscalizações. Afinal, criminoso não é conhecido por seguir leis”, afirma Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.
De acordo com um levantamento realizado pela organização, que sobrevoou áreas dos estados do Pará e do Mato Grosso, houve um crescimento de 76,72% nos focos de calor dentro de Terras Indígenas em relação ao mesmo período do ano passado. O mesmo aconteceu em Unidades de Conservação, onde os alertas aumentaram em quase 50%.
Fogo atinge a vegetação em Alta Floresta, no Mato Grosso
Os números são extremamente preocupantes porque é em agosto que começa “oficialmente” o período da seca na Amazônia e em 2019, o fogo foi devastador na região. Além disso, a estação de chuvas, que acontece entre março e abril, teve índices bem abaixo de níveis históricos,
“O desmatamento precisa ser combatido durante todo o ano, principalmente considerando que as queimadas na Amazônia não são resultado de um fenômeno natural, mas da ação humana. O fogo é uma das principais ferramentas utilizadas para o desmatamento, especialmente por grileiros e agricultores, que o usam para limpar áreas para uso agropecuária ou especulação”, ressalta Batista.
Para o coordenador do Greenpeace, a prática se tornou ainda mais comum com a falta de fiscalização e o desmantelamento dos órgãos ambientais. “Estamos observando uma tendência de alta nas queimadas neste ano. Além da ameaça do coronavírus, com a temporada de fogo, os povos indígenas estarão ainda mais vulneráveis, pois a fumaça e a fuligem das queimadas prejudicam ainda mais sua saúde”, lamenta.
A fumaça avança sobre uma área em Nova Maringá, no Mato Grosso
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Fotos: Christian Braga/Greenpeace