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Histórias de mulheres cientistas vão parar no teatro e encantam adultos e crianças

Ser aventureira, exploradora, desbravadora e corajosa são adjetivos que apenas, de forma marginal, têm feito parte do repertório de “ser menina”, de “ser mulher” no mundo ocidental e fundado na lógica do patriarcado. E ainda é um grande exercício. 

Conhecer a história de mulheres que foram assim, em toda sua intensidade, no passado, permite que mais meninas se apropriem e vivam o significado desses adjetivos, e entendam que as mulheres podem ocupar o lugar que quiserem, como elas.

Na sociedade atual, o acesso as histórias dessas mulheres faz parte do processo de educação, do incentivo ao diálogos, de aprender a reconhecer o poder das mulheres e refutar a ideia de “bela, recatada e do lar” (qualidades definidas por Michel Temer, quando foi presidente, como as da mulher ideal). 

Este foi um dos motivos que nos levaram ao encantamento com o trabalho da Companhia Delas de teatro. O grupo criado em 2001, e já premiadíssimo, é formado por cinco mulheres –(Ciça Magalhães, Fernanda Castello Branco, Julia Ianina, Paula Weinfeld e Thais Medeiros, que atuam no palco, na produção ou na direção), que criaram uma trilogia para contar histórias de Mulheres na Ciência, adaptando-as para espetáculos indicados para crianças e adultos.

A peça Maria e os Insetos a segunda da trilogia; a primeira foi sobre Mary Anning – narra a história da naturalista alemã Maria Sybilla Merian (1647-1717), considerada a primeira ecologista do mundo e conhecida por desenvolver estudos sobre a metamorfose das borboletas. No século XVIII – veja só! -, ela decidiu explorar as florestas do Suriname sozinha. Era curiosa pelos insetos, e que sempre teve a arte presente em sua vida. 

Além de suas pesquisas de observação, Sybilla criou inúmeras ilustrações para compartilhar suas descobertas. A habilidade da cientista e ilustradora ao retratar detalhes em seus desenhos, em oposição ao tamanho real dos insetos que ela observava, cria uma relação interessante de inversão de perspectiva que foi explorada em cena, revelando a beleza desses seres que, por serem tão pequenos, quase não lhes damos atenção e importância.

Todo o percurso de Maria é contado em um cenário rico de possibilidades, com muitos efeitos simples e encantadores e, claro, reproduções das ilustrações de Maria Sybilla. Não há como desgrudar os olhos do palco.

E por que a companhia escolheu contar as histórias dessas mulheres e seus importantes feitos na ciência para o mundo? Fernanda Castello Branco, Julia Ianina e Paula Weinfeld respondem:

“As mulheres são praticamente metade de nossa população e, por isso, não podemos ignorar seu poder cerebral: o progresso da humanidade depende de nossa busca contínua pelo conhecimento. Mulheres como Mary Anning e Maria Sybilla Merian provam que não importa o gênero, a raça ou os antecedentes: qualquer pessoa pode realizar coisas grandiosas. O legado delas está vivo!

Hoje, mulheres de todo o mundo continuam arriscando tudo para descobrir e explorar. Celebremos essas desbravadoras para que possamos inspirar as novas gerações. Juntas, podemos continuar do ponto em que elas pararam e seguir na busca do conhecimento.

Acreditamos no poder de espalhar histórias inspiradoras como a de Maria Sybilla e, assim, contribuir para a transformação dessa realidade, passando de uma sociedade patriarcal para uma em que todos possam viver em igualdade, não importa o gênero. Essa é nossa parte nesse trabalho de formiguinha”.

A peça fica em cartaz no Sesc Santo André até 29 de março, sempre aos domingos, às 12h. Acompanhe a companhia em sua página no Facebook.

Edição: Mônica Nunes

Fotos: Divulgação

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Gustavo Woltmann
Gustavo Woltmann
3 anos atrás

Maravilhoso artigo. Muito bom mesmo, ge.

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