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“Há erosão da democracia no Brasil e políticas públicas ameaçam Amazônia”, diz análise enviada a congressistas americanos

Análise enviada a congressistas americanos diz que "há erosão da democracia no Brasil e políticas públicas ameaçam Amazônia"

No último dia 6 de julho, os membros do Congresso dos Estados Unidos receberam um relatório, com 26 páginas, sobre o cenário econômico e social do Brasil. No documento, o especialista em América Latina, Peter Meyer, destaca que o governo de Jair Bolsonaro está tendo sérias dificuldades de controlar a pandemia da COVID-19, assim como o avanço do desmatamento na Amazônia.

A análise destaca, entre outros pontos, que o presidente tem tomado medidas conservadoras e feito críticas constantes, com ataques verbais, à imprensa, organizações não-governamentais e outros órgãos do próprio governo.

De acordo com o relatório, uma pesquisa de opinião pública realizada no final de junho apontou que 44% dos entrevistados consideram a gestão de Bolsonaro “ruim” ou “terrível”.

“Nos últimos 20 anos, o Brasil formou coalizões com outros grandes países em desenvolvimento para pressionar mudanças em instituições multilaterais e garantir que acordos globais sobre questões, como as das mudanças climáticas … Também assumiu um papel maior na promoção da paz e da estabilidade, mediando conflitos na América do Sul e mais além. Todavia, recentemente o Brasil se voltou para dentro e enfraqueceu sua influência global”, diz a avaliação.

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O documento ressalta ainda que, apesar dos Estados Unidos continuarem tendo interesse em manter relações com nosso país, muitos congressistas têm demonstrado apreensão com a situação atual do Brasil. “Eles estão preocupados que Bolsonaro esteja provocando uma erosão da democracia e dos direitos humanos e que suas políticas ambientais ameaçam a Amazônia e os esforços globais para mitigar as mudanças climátiças”.

O relatório que se encontra nas mãos dos parlamentares americanos – 100 no Senado e 435 na Câmara -, se soma a uma série de alertas, escritos e verbais, feitos por entidades e empresários internacionais em relação ao governo Bolsonaro e sua ineficácia para conter o desmatamento, o que tem gerado sanções comerciais a empresas que atuam no país.

Mostramos recentemente, que a companhia norueguesa de salmão Grieg Seafood, uma das maiores do mundo em seu setor, suspendeu a compra de produtos ligados ao desmatamento brasileiro (leia mais aqui).

Já na semana passada, empresários do próprio Brasil cobraram ações do governo e alertaram sobre a péssima imagem do governo Bolsonaro no exterior. Em carta, CEOs de companhias como Natura, Ambev, Bradesco, Itaú e Klabin, apontaram potencial prejuízo para a economia brasileira, já tão impactada pela pandemia da COVID-19, caso medidas urgentes não sejam implementadas na área socioambiental.

Vale lembrar que esses aumentos na taxa de desmatamento ocorrem apesar da presença das Forças Armadas na Amazônia, com a Operação Verde Brasil, que ficará lá até novembro, segundo anunciado pelo Palácio do Planalto.

O vice-presidente, Hamilton Mourão, responsável pelo Conselho da Amazônia Legal e coordenador das operações na Amazônia, tentou acalmar investidores internacionais, que enviaram cartas a embaixadores do Brasil. O grupo, com representantes da Europa, Ásia e Estados Unidos, com ativos na ordem de US$ 4,1 trilhões, relatou apreensão com a atual situação ambiental.

Entretanto, fica praticamente impossível colocar panos quentes sobre esse cenário justamente quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulga dados que revelam que a Amazônia teve novo recorde em alertas de desmatamento em junho e aumento de 25% no semestre.

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Foto: Vinícius Mendonça/Ibama/Fotos Públicas

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Sandra
Sandra
4 anos atrás

Muito antes da pandemia florestas já pediam socorro contra incêndios (propositais ou não) e índios já imploravam por ajuda contra garimpeiros e madereiros. Muito antes da pandemia o mundo inteiro ja testemunhava as descabidas omissões, protelacoes e incompreensíveis desculpas esfarrapadas sempre que o assunto era preservação ambiental e proteção do povo indígena. Muito mais do que todos nós, índios são brasileiros, os verdadeiros donos do pedaço chamado Brasil, muito mais deles do que nós, pois aqui já moravam quando chegaram os ladrões civilizados sem civilidade, os invasores reais. Todo o lixo varrido pra debaixo do tapete, chega uma hora que extravasa para os pés das visitas bacanas que não era pra ver mas estão vendo o jeitinho brasileiro de resolver o insolúvel deixando estar pra ver como é que fica. Só que não dá pra chutar pra escanteio uma Amazônia inteira despelada, sucateada, poluida, contaminada por mercúrio e cheia de índios mortos nela. Vai ser difícil engolir esse sapo e segurar essa batata quente porque os gringos não são bobos não, e mesmo sem entenderem patavina do que a gente diz, sacam perfeitamente tudo o que a gente deveria ter feito, mas não fez.

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