José Ataliba Gomes estava caminhando pela mata da Serra do Mar, em Ubatuba, na litoral norte de São Paulo, quando seu olhar apurado viu uma planta que lhe chamou a atenção. Ela tinha muitas e grandes flores, com uma coloração diferente, roxo-azulada. O pesquisador do Departamento de Botânica da Unicamp logo decidiu fazer o registro daquela espécie, a fotografando e enviando a imagem para um colega. Mal ele imaginava que aquela era uma flor que não era observada há 139 anos.
Ataliba suspeitava que a planta era do grupo dos lírios – do gênero Griffinia, que existe apenas no Brasil -, todavia, não sabia qual era a espécie. Pouco tempo depois o botânico e colegas voltaram ao local para coletar amostras e tentar identificar a planta misteriosa.
Após comparações com outras espécies e exames feitos em laboratórios, veio a surpresa. Era uma Griffinia ornata, uma flor que sequer possui um nome popular de tão rara que é. Sua descrição científica foi feita pela primeira vez em 1876 pelo botânico britânico Thomas Moore. Ela foi feita a partir de espécimes que foram enviados do Rio de Janeiro e cultivados em Londres.
Desde então, a Griffinia ornata nunca mais foi observada em matas brasileiras. Por isso mesmo, considerava-se que ela estivesse extinta.
A planta em seu habitat original, a Mata Atlântica
(Foto: José Ataliba Gomes)
Durante muito tempo, antes da descrição oficial, essa flor foi confundida com outras espécies de Griffinia. Pertencente à família Amaryllidaceae, esse gênero é representado por aproximadamente vinte espécies, muitas das quais ameaçadas ou em vias de extinção.
“Podemos diferenciar a Griffinia ornata por ser uma planta maior, com folhas mais largas e em maior número. Também pela grande quantidade de flores que apresenta, sendo até 22 por inflorescência, medindo de 4 a 7 cm de comprimento. Além disso, suas flores são mais claras, podendo ser até mesmo brancas, apresentando sempre manchas bastante características”, explicou Ataliba, em entrevista à reportagem do G1.
A bióloga Julie Dutihl, que faz parte do estudo da espécie redescoberta, revela ainda que essa planta tem como habitat a Floresta Ombrófila Densa da Mata Atlântica, nas proximidades da divisa entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, uma área muito impactada pela expansão imobiliária.
“A ecologia dela é complexa, ela demora para crescer, demora para formar fruto. As populações são pequenas, por isso, ela é muito sensível à interferências. […] A gente está aumentando as informações sobre ela e se alguém, depois, for fazer um projeto de conservação, já fica mais fácil”, diz ela.
O estudo completo sobre a Griffinia ornata ainda está sendo finalizado pelo pesquisador e doutorando em Biologia Vegetal, Antonio Campos Neto.
*Com informações e entrevistas da reportagem do site G1
Leia também:
A maior flor do mundo está à beira da extinção, alertam cientistas
Redescoberta espécie de lanterna-de-fada, misteriosa planta que não possui folhas e nem faz fotossíntese
Sem ser vista por quase 100 anos, espécie de magnólia é redescoberta em florestas do Haiti
Espécie de orquídea considerada extinta há 120 anos é redescoberta
Foto de abertura: José Ataliba Gomes
Então o ingles roubou tudo e levou para inglaterra… só faltou cultivar e mudar o nome
Minha casa é um super campus para pesquisas , te convido a vir com sua equipe aqui , tenho muitas plantas raras e mimi orqideas