Filhotes de tuiuiús são salvos de incêndio no Pantanal

Algumas regiões do Pantanal ainda estão sofrendo com a seca e os incêndios. Entre as mais afetadas atualmente pelo fogo está a do Morro Caracará, na Serra do Amolar, na divisa entre o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, uma das áreas mais isoladas e preservadas do bioma. E foi lá que equipes da Brigada Alto Pantanal, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), e brigadistas do Prevfogo/Ibama participaram do resgate de filhotes de tuiuiús no alto de uma árvore, que estava no caminho das chamas.

O ninho foi avistado inicialmente na última quinta-feira (17/10). Com o uso de drone, constatou-se que havia três filhotes ali, sem a presença dos pais. Todavia, no dia seguinte, apesar de os brigadistas terem tentado proteger a árvore da chegada do fogo, a mudança da direção do vento e a força das chamas acabou atingindo o local.

Rapidamente tomou-se a decisão da retirada dos filhotes do ninho, que já havia sido chamuscado pelas chamas. As três aves, que tem aproximadamente três meses de vida – justamente a idade em que começam a tentar voar -, foram trazidas para o chão. Uma delas teve uma fratura na asa.

Após a remoção do ninho, os tuiuiús foram levados de barco para uma região mais segura, onde médicos-veterinários fizeram um primeiro-atendimento e depois, por helicóptero, para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande (MS).

Infelizmente, um dos três filhotes faleceu. A suspeita é que ele tenha sofrido com o estresse de todos os eventos – o fogo e a fumaça, além de todo o processo de resgate.

Agora, os dois sobreviventes seguem sendo atendidos pela equipe do CRAS. Não se sabe ainda se será possível o retorno deles à natureza ou não, contudo, o mais importante é que dois deles sobreviveram, graças à ação rápida dos brigadistas do IHP e da Prevfogo e todo o esforço dos demais envolvidos na operação de resgate.

O Instituto Homem Pantaneiro é uma organização não-governamental que atua em diversas frontes no Pantanal. Este ano, o Coronel Ângelo Rabello, diretor do IHP, foi eleito um dos cinco brasileiros que estão entre os 50 nomes selecionados por “suas contribuições especiais para a exploração, a conservação e a ciência” pelo The Explorers Club 50 (EC50), dos Estados Unidos (leia reportagem completa neste link). 

Se você quiser contribuir para esse importante trabalho do IHP no Pantanal, faça sua doação aqui.

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Ave símbolo do Pantanal

O tuiuiú (Jabiru mycteria) é a ave símbolo do Pantanal e maior dentre todas aquelas observadas no bioma, chegando a medir 1,60 metros de altura e impressionantes 3 metros de envergadura. A espécie, que se alimenta de peixes e outros pequenos invertebrados encontrados em áreas alagadas, se reproduze após o período de cheias, com a grande maioria dos ninhos contendo ovos ou filhotes entre julho e novembro.

Essa ave, que é uma cegonha, busca árvores altas, com galhos bem abertos, para fazer seu ninho e assim ter acesso fácil a ele. São fiéis ao local de nidificação (onde colocam os ovos), por isso mesmo, em 2020, quando o Pantanal foi devastado pelo fogo, um famoso ninho destruído pelos incêndios, que ficava às margens da BR-262, no Mato Grosso do Sul, foi substituído por um artificial. E no começo deste ano, nasceram três lindos tuiuiús nele (saiba mais aqui).

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Foto de abertura: Viviane Amorim/Secom