A surucucu-pico-de-jaca (Lachesis spp.) é considerada a maior cobra peçonhenta das Américas, podendo atingir até 3,6 metros de comprimento. Também chamada de surucutinga, cobra-topete ou surucucu-de-fogo, no Brasil essa serpente pode ser encontrada em áreas de Mata Atlântica e na Amazônia. Todavia, durante muito tempo houve um debate se os espécimes observados nesses dois biomas eram subespécies distintas ou pertenciam à mesma espécie.
Pois recentemente, após uma longa investigação e análise profunda, incluindo o uso de técnicas avançadas de genética, um grupo de cientistas de diversas instituições, liderado por Breno Hamdan, pesquisador do Instituto Vital Brazil e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicou um artigo científico batendo o martelo sobre o assunto e confirmando, de uma vez por todas, que há duas espécies de surucucu-pico-de-jaca no país.
“A partir dos resultados da nossa pesquisa, nós descobrimos que as duas populações de surucucu são mesmo duas espécies diferentes. A população que ocorre na Floresta Amazônica é chamada de Lachesis muta, e a população que habita a Mata Atlântica é outra espécie, a Lachesis rhombeata“, relatam os pesquisadores.
Eles explicam que as principais diferenças entre essas cobras são que a surucucu da Amazônia é mais comprida (cerca de 1,9 m), possui a cabeça e a cauda maiores, apresenta mais escamas no ventre e a faixa preta após o olho é mais fina, em relação à espécie da Mata Atlântica.
O estudo também serviu para mostrar que é necessário fazer uma melhor avaliação sobre o status de conservação das duas espécies, já que até agora, acreditava-se que elas eram uma só.
“Antes do nosso estudo, a Lachesis muta era considerada uma espécie com ampla distribuição e seu status de conservação era considerado ‘pouco preocupante’ pela IUCN [União Internacional para a Conservação da Natureza]. Como todas as populações eram consideradas a mesma coisa, aquelas que estão em regiões ameaçadas também eram consideradas com status ‘pouco preocupante'”, alerta Rodrigo Gonzalez, um dos coautores do artigo.
Segundo o pesquisador, agora que se confirmou a existência de duas espécies, a Lachesis rhombeata da Mata Atlântica (já extinta em algumas localidades), deverá passar por uma avaliação para determinar seu novo status de conservação. “A partir desses resultados que resolveram as questões taxonômicas da espécie, teremos uma análise mais robusta do estado de conservação das populações e dessa forma, poderemos propor estratégias para sua conservação”, diz.
De hábitos noturnos, a surucucu-pico-de-jaca se movimenta pelo solo e quando ameaçada, agita a cauda. Ao atacar, pode dar um salto de até dois metros de distância. Seu veneno é extremamente tóxico e causa reações como dor, inchaço, hemorragia, necrose e insuficiência renal. A aplicação do antídoto deve ser rápida para evitar mais complicações ou até a morte da vítima.
Uma surucucu registrada na Amazônia: entre principais características estão o corpo alaranjado
com manchas pretas e escamas ásperas, que lembram a casca da jaca
Foto: Paulo Bernarde
Possível nova espécie no Ceará
Durante o estudo que resultou no artigo publicado na revista internacional Systematics and Biodiversity, os pesquisadores identificaram ainda uma população de surucucu no Ceará que é geneticamente diferente das demais já conhecidas. Agora eles estão tentando descobrir se ela seria uma terceira espécie de Lachesis spp.
A bióloga Thabata Cavalcante, que se dedica à conservação da surucucu no estado, é quem está coordenando esse projeto, o “Malha de Fogo”, nome local dessa cobra, encontrada no Maciço de Baturité, uma montanha com remanescentes de Mata Atlântica.
“Estamos realizando o estudo agora para verificar toda as diferenças morfológicas e genéticas dessa serpente”, revela Thabata.
Quem sabe muito em breve então teremos uma nova notícia sobre a incrível biodiversidade de répteis existentes nas matas brasileiras!
A surucucu do Ceará é geneticamente distinta das demais espécies já descritas
Foto: Thabata Cavalcante
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Cobra raríssima é encontrada por pesquisadores em expedição por reserva no Cerrado
Foto de abertura: Thabata Cavalcante
Parabéns ! Reportagem excelente.
É uma linda espécie de serpente, sem falar que é raro encontrar uma devida aos fatores de camuflagem e pouca fertilidade e sobrevivência da especie
Ótimo e Parabéns aos Cientistas! Divulguem para o mundo, Parabéns aos nossos Cientistas Brasileiros!!!
Eu já vi essa cobra aqui em goias perto de goiania
Realmente eu passando a noite por volta de 20 horas descendo pra pousada perto da recanto das cachoeiras Asim que ia deixei a pista mesmo na decida o farol do carro clareou bem na frente dei de cara com uma parei o carro fiz foto dela não acredito que existia essa espécie na cerra de Baturité fiquei muito admirado
Não gosto desse bicho tenho medo e só quero bem longe de mim
Fui em guaramiranga e tive uma conversa sobre . . . 4 dias depois aparecru uma pico de jaca la .
Nao foi so eu que vi entao
Tenho foto de uma na estrada de guaramiranga-ce
Aqui em guaramiranga,faz é lama delas, a pico de jaca aqui é chamada de malha de fogo,eu mesmo tenho vários vídeos . ela é muito perigosa.
Aquí em ilhéus na Bahia temos duas espécies de surucucu Picu de jaca
Não só Ceará mas toda Costa nordestina principalmente está de Pernambuco e Alagoas também são recorde em cobra sirí pico de jaca sete buraco de vento que quer dizer sete preso ela tem a serei fogo nos conhecemos porque ela não pode ver um fogo que ela corre para cima assim é conhecido no Pernambuco