As feiras nacionais da reforma agrária, realizadas em diversas cidades brasileiras pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), trazem para nossas mesas alimentos saudáveis, direto do produtor e com a marca da luta pela terra. Mais do que isso, são uma espécie de portal para acessarmos as muitas histórias de vida camponesas pelo país, tão ricas quanto os alimentos produzidos nos assentamentos.
Uma oportunidade de conectar o campo e a cidade. De perceber a força e o alcance desse trabalho campesino. De dialogar com a sociedade e mostrar que um outro modelo de produção agrícola é possível, respeitando trabalhadores e trabalhadoras e o meio ambiente.
Sem falar, claro, que os produtos são sempre muito bons, limpos, livres de agrotóxicos, incluindo grãos, hortaliças, cereais, alimentos beneficiados como geleias, pães, mel, sucos, queijos, cerveja, dentre muitos outros itens.
Pois toda essa riqueza está de volta a São Paulo de 4 a 7 de maio, no Parque da Água Branca, que recebe a segunda edição da Feira Nacional da Reforma Agrária. Mais de 600 camponeses e camponesas de todo o país trarão toneladas de produtos cultivados de forma sustentável nos acampamentos.
A primeira edição da feira na capital paulista aconteceu em 2015, consolidando a chegada, em larga escala, da produção das áreas de reforma agrária ao maior centro urbano do país. Essa relação se fortaleceu ainda mais com a inauguração do Armazém do Campo, espaço voltado para a comercialização de produtos de acampamentos do MST localizado no bairro dos Campos Elíseos, sobre o qual já falei aqui no blog.
Mas não é só na área da alimentação que o diálogo se estabelece. Outras dimensões como a luta pela terra, a saúde e a educação, presentes no dia a dia dos acampamentos, também integram a programação, convidando as pessoas a repensarem sua relação com a terra, com o meio ambiente, a alimentação e com a própria sociedade. Além disso, as tardes das feiras são espaço para um grande festival de cultura popular, com muitas atrações culturais, todas gratuitas.
Hoje, o MST está organizado em 24 estados em todas as regiões do Brasil. São 100 cooperativas, 96 agroindústrias e 1,9 mil associações. No total, cerca de 350 mil famílias conquistaram a terra por meio da luta e da organização de trabalhadores e trabalhadoras rurais, segundo informações do próprio movimento.
Em grande parte dessa movimentação, a maior dificuldade é o escoamento e a distribuição da produção. É o caso, por exemplo, do Assentamento Dom Tomás Balduíno, localizado em Franco da Rocha, São Paulo, onde 63 famílias ocupam um terreno de quase oito mil hectares, e de tantos outros assentamentos.
Por isso, espaços como a Feira Nacional e o Armazém do Campo são importantes nesse processo. Toda a produção levada para a primeira edição da feira em São Paulo foi vendida por eles. E a expectativa para a próxima, em maio, é ainda maior.
Confira a história do Assentamento Dom Tomás Balduíno e muitas outras no site do MST.
Fotos: Divulgação/MST