Enquanto o Ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), atende ruralistas e simpatizantes, os índios são deixados de lado, pois a Justiça é cega e, neste caso, não enxerga o direito dos menos favorecidos.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), mandou seu pelotão de choque “descarregar” seu arsenal contra os índios, numa saraivada de bombas de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e balas de borracha. Foi durante uma manifestação pacífica em 25 de abril, em frente ao Congresso Nacional.
O ato fazia parte das atividades do Acampamento Terra Livre 2017, mobilização nacional que reuniu aproximadamente 4 mil indígenas e ativistas naquela semana, em Brasília, para cobrar direitos e políticas para os povos tradicionais.
Na Funai, uma nova briga para ver quem assume a presidência do órgão, que, por princípio, deveria fazer a defesa dos direitos indígenas. Nesta guerra sem vencedor, os índios não sabem se ficam com um “Bom Pastor” para arrancar-lhes a alma, ou com um ruralista, faminto para tirar-lhes as terras.
E, agora, os índios do povo Gamela são os novíssimos alvos dessa violência que não cessa. Eles vivem em uma comunidade na cidade de Viana (MA), região de conflito agrário localizada a 220 km de São Luís. No dia 30/4, domingo, depois de terem aceitado as condições impostas para saírem de suas terras, foram atacados a golpes de facão, pauladas e tiros com armas de fogo.
De acordo com o CIMI – Conselho Indigenista Missionário, o ataque foi desferido por um grupo de fazendeiros. Os índios foram pegos de surpresa. Pelo menos 13 ficaram feridos. Um deles teve as mãos decepadas. Ninguém foi responsabilizado! A polícia local estava presente e nada fez para defender os indígenas ou evitar o confronto.
Bom… pelo que vejo, estamos fadados a ler nos livros de História um triste final, em que nossos “heróis” serão os políticos endinheirados pela corrupção, diante de uma sociedade mumificada que continua elegendo Tiriricas, Malufs, Jucás e outros palhaços para alegrarem seu carnaval particular.
Como se não bastasse, o “Presidente da República” Michel Temer se prepara para um dos maiores leilões abertos ao capital estrangeiro em uma gigantesca área do território amazônico, rica em ouro, onde a mineração está proibida há mais de 30 anos. A ação foi publicada no Diário Oficial da União, no início de abril. O Ministério das Minas e Energia abre as porteiras para acabar com a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), criada em 1984, no final da ditadura militar.
Se, por um lado, o Ministério diz que a extinção da Renca vai estimular o desenvolvimento econômico dos estados envolvidos, por outro não explica a devastação de 46 mil quilômetros quadrados de floresta que isso acarretará. Praticamente a soma dos territórios dos estados de Sergipe e Alagoas.
O detalhe mais intrigante é que estas áreas, situadas entre o Pará e o Amapá, são habitadas por indígenas de diversas etnias, que durante centenas de anos vêm protegendo estas florestas. Relatórios dos anos 1980 indicaram, além da existência de ouro, também importantes reservas de titânio e de fosfato no local.
Tudo isto para enriquecer algumas poucas empresas e certamente a muitos políticos já envolvidos em novos esquemas sórdidos para enganar a população brasileira. A conversinha de que “assim o Brasil vai avançar e seremos uma grande nação” já é muito manjada!
Agora, fique com este pequeno acervo de imagens que fiz em Brasília, durante a mobilização indígena Acampamento Terra Brasil, em Brasília.
A foto que abre este post mostra o índio Aroenogwajiwu Bororo, logo após gritar #ForaTemer!
O índio Kayapó faz seu pequeno relato. “Eu tava lá embaixo, aí isto passou e bateu em alguém.
Caiu pertinho de mim. Se pega no olho de alguma criança ela pode até ficar cega.
E tinha muita criança ali. Estas pessoas não têm filho, não!?”
Na cabeça, o cocar de penas azuis; na faixa negra esticada por todos, um grito em branco: “Demarcação Já!”
À esquerda, com seu facão na mão, a índia Kayapó Tuíre, ladeada pela advogada Maial Paiakan e suas companheiras de luta. Mães, filhas e netas, todas unidas lutando por seus ideais e para obterem o reconhecimento de seus direitos constitucionais!
Pra quem não sabe, foi a índia Kayapó Tuíre que passou o terçado (facão) no rosto de José Antônio Muniz Lopes, da Eletronorte, em protesto contra a construção da hidrelétrica de Kararaô*. Foi em 1989. Esta notícia correu o mundo e a foto de Tuíre (e não Tuíra). Eu a conheci há um ano, na aldeia Mojkarako, na terra indígena Mebengokre, no Pará, quando conversamos sobre muitos assuntos alegremente. Ela me convidou para conhecer sua casa; devo ir no próximo ano… Foi um imenso prazer conhecer esta mulher guerreira e ver que ela continua sua luta com a mesma força.
*Ah, Kararaô foi o primeiro nome dado pelos militares à usina que mais tarde ficaria conhecida como Belo Monte.
Em frente ao Palácio do Itamarati, índios de todo o Brasil carregaram caixões como símbolo das vidas roubadas de sua gente. O sertanista Orlando Villas Bôas costumava dizer: “Se eram 10 milhões de índios no descobrimento, pagaram um tributo de 2 milhões por século!”
Na passeata que levou os caixões, a cara de um Brasil multicultural
num imenso caldeirão de raças
Fotos: Renato Soares
O problema indígena no Brasil é semelhante a muitos outros, a falta de coragem e inteligencia para decidir. Enquanto índios verdadeiros são expostos a situações desumanas, outros desocupados se fazem passar por índios, muitos vindos de países vizinhos, para gerarem problemas no Brasil. Sim, é possível ter-se agronegócio, ecologia e índios convivendo em harmonia; onde isto acontece é bom para todos. O problema é quando ONGs oportunistas se utilizam dos indígenas para arrancar dinheiro de um governo miope e causar problemas para o restante da população é interessante a perpetuação ou agravamento do problema. A miséria é fonte de riqueza para muita gente, infelizmente! Vide Roraima!