Acampamento Terra Livre reúne mais de 1,5 mil lideranças indígenas em Brasília, de 24 a 28 de abril

A maior mobilização de povos indígenas do país – realizada anualmente desde 2003 – se realiza num momento de grande ofensiva contra seus direitos, promovida por este governo – poderes Executivo, Legislativo e Judiciário – e por empresários do agronegócio, da indústria madeireira e da mineração.

Promovido pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), com apoio de organizações indígenas, indigenistas, da sociedade civil e movimentos sociais, o encontro tem por objetivo reunir os líderes e representantes de todos os povos indígenas – ou boa parte deles – e seus parceiros para debater sobre a violação constante dos direitos garantidos pela Constituição de 1988 e as políticas anti-indigenistas do Estado, e procurar unificar suas lutas.

Entre os temas abordados durante os três dias de ações no Acampamento (o primeiro será para a recepção – à noite – e o último dedicado à partida de todos), estão:
– paralisação das demarcações das Terras Indígenas;
enfraquecimento das instituições (como a Funai, que nunca foi tão boa, mas tem piorado sua atuação e está sendo desmantelada pelo governo atual) e das políticas públicas indigenistas;
iniciativas anti-indígenas, que tramitam no Congresso;
– a tese do Marco Temporal, segundo o qual só devem ser consideradas Terras Indígenas as áreas que já estavam de posse dessas comunidades na data de promulgação da Constituição (5/10/1988);
empreendimentos que impactam negativamente os territórios indígenas, como Belo Monte;
precarização da saúde e da educação indígenas diferenciadas;
negação do acesso à Justiça e
criminalização das lideranças indígenas.

Tudo será debatido como uma grande assembleia, em diferentes formatos: debates, palestras, marchas, atos públicos, audiências com autoridades dos Três Poderes, grupos de discussão e atividades culturais.

A recepção dos participantes será hoje, 24/4, a partir do horário do jantar, e o encerramento das atividades se dará na noite de 27/4. No dia 28, todos deverão voltar para suas cidades de origem.

Outras informações podem ser obtidas nas páginas do Acampamento e da Mobilização Nacional Indígena e também junto à representação da Articulação em Brasília, pelo e-mail apibbsb@gmail.com ou pelo telefone (61) 3034-5548.

Abaixo, uma seleção das imagens de Mobilizações anteriores que revelam a força guerreira dos brasileiros que são os verdadeiros donos desta terra.

Índios posam para a imprensa, no Senado

Marcha pela demarcação das terras indígenas

Índios no Congresso durante uma das mobilizações

Foto: Fábio Nascimento

Pirakumã Yawalapiti, uma das mais importantes lideranças do Território Indígena do Xingu (TIX),
durante mobilização em Brasília, em 2013, quando pede calça a um policial militar
logo após ter sido agredido com spray de pimenta e golpes de cassete. Ele faleceu em 2016 após infarto fulminante.
Esse mesmo momento, mas em foto de André D’Elia, ilustra a
nova edição do livro Povos Indígenas do Brasil, lançado pelo ISA este mês
Foto: Fábio Nascimento 

Líder Kaiapó Raoni Metuktire em meio à confusão com a polícia nos gramados em frente à sede do governo em Brasília
Foto: Maira Hirigarai/Amazon Watch

Foto: Fábio Nascimento

Fotos: Fábio Nascimento, Lunaé Parracho (Mobilização), Nathália Clark (Greenpeace, foto de abertura deste post) e Lilian Hirata (Amazon Watch)

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Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.