A Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (DPE) ajuizou ação pedindo uma indenização de R$ 50 milhões à Cobasi por causa da morte de dezenas de animais, vítimas da inundação em duas lojas do grupo. A empresa está sendo cobrada por “danos ambientais, à saúde pública, psicológicos à coletividade atingida”.
O caso ganhou repercussão nacional após a descoberta de que , dezenas de pássaros, roedores e peixes foram deixados à morte num petshop inundado pelo transbordamento das águas de esgoto da capital, decorrente das enchentes históricas que atingiram o estado.
O que chamou a atenção, contudo, foi que os funcionários da loja admitiram que tiveram tempo de salvar os equipamentos eletrônicos do local. Segundo a investigação sendo feita pela Polícia Civil, os empregados da Cobasi disseram ainda que deixaram comida e água para alguns dias, mas depois disso nunca mais retornaram.
A empresa alega que a loja precisou ser evacuada de forma emergencial, por ordem das autoridades, e que não se sabia que a tragédia tomaria tal dimensão e a expectativa é que os funcionários voltassem logo.
“Fica evidente que a requerida teve cinco dias para tirar os animais de forma segura. Porém, mesmo observando o nível da água subir, nada fez. Nenhuma testemunha menciona ter visto algum funcionário da loja ir até o local conferir os animais, sequer para ver se tinham comida e água”, declarou João Otávio Carmona Paz, defensor público dirigente do Núcleo de Defesa Ambiental da DPE, que assina a ação.
Outra loja da Cobasi em Porto Alegre também foi inundada e só não teve o mesmo final trágico porque ativistas entraram no petshop e resgataram os animais, entretanto, quatro deles já estavam mortos.
“A comunidade porto-alegrense, gaúcha e brasileira foi exposta a imagens terríveis de cadáveres boiando em um shopping center. Além disso, a pessoa jurídica atingiu gravemente a saúde pública. A decomposição dos cadáveres expôs e ainda está expondo pessoas a diversas doenças”, afirmou Paz, em seu parecer. “Isso porque o contato de animais com água de esgoto infectada propicia a contaminação por leptospirose, raiva, hepatite, entre outras doenças. E essa mesma água escoou pela cidade.”
Animais encontrados mortos pelo Ibama na loja da Cobasi no shopping de Porto Alegre
Foto: divulgação Polícia Civil
Na semana passada, o Ministério Público do Rio Grande do Sul deu um parecer favorável à proibição da venda de animais pela Cobasi em Porto Alegre, após uma ação movida pelo Instituto AmePatas e pelo deputado federal Célio Studart (CE), integrante da Frente Parlamentar em Defesa dos Animais da Câmara dos Deputados.
Em resposta ao valor proposto como indenização pela Defensoria Pública do estado, a Cobasi comentou que o valor é absurdo.
“Infelizmente a notícia de que a Defensoria Pública ajuizou ação pretendendo absurda indenização de R$ 50 milhões reflete o uso açodado e leviano do direito de petição, no caso exercido à margem da correta apuração dos fatos. A Cobasi, como quase todo o Estado do RS foi surpreendida e vem suportando as consequências de uma tragédia natural de proporções imprevisíveis e catastróficas, que vitimou famílias, empresas, comércios e animais”, diz comunicado emitido pela empresa.
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Foto de abertura: reprodução site Cobasi