Por ser mineiro, criado nas montanhas, sempre me identifiquei muito mais com esse tipo de ambiente do que com o mar.
Enquanto as alturas me traziam contemplação e conforto, o oceano geralmente me causava certo medo, aquela velha sensação de respeito pela imensidão azul, escura e desconhecida.
Mas para um bom biólogo e documentarista de natureza, o medo também traz junto a curiosidade. E essa curiosidade me motivou a descobrir o que havia escondido sob o manto azul.
Busquei um curso de mergulho e, gradualmente, fui ganhando conforto na água, entendendo os sons, as luzes e sombras do mar. Os gostos e desgostos de se estar sob dezenas de metros de água, e a delicada trama de vida que prospera nesses locais.
Para minha surpresa, descobri que a sensação de mergulhar e adentrar nas profundezas do oceano era muito similar à de escalar uma alta montanha: um misto de solitude, contemplação e insignificância diante da grandiosidade do nosso planeta – sensação essa que me move aos cantos mais remotos do mundo em busca da natureza que (ainda) resiste ali.
Deixo aqui um fragmento de um dos momentos mais emocionantes dessa jornada muito recente na minha vida, mas não menos incrível, que aconteceu durante um mergulho em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro.
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Amei este artigo, sou apaixonada com a natureza, a beleza do mar me fascina.