Considero Chico Mendes inspirador de toda movimentação atual de valorização dos povos da floresta como motor de um novo desenvolvimento para a Amazônia. Sua atuação é precursora de muitos projetos e ações que hoje lá se desenvolvem, e que despontam como vetores de modelos de desenvolvimento menos predatórios, valorizando os povos da floresta.
Tenho apresentado aqui, nos últimos posts, negócios de impacto que incluem as comunidades ribeirinhas, quilombolas, indígenas e agricultores familiares em suas cadeias produtivas, praticando o e comércio justo e mostrando que esse movimento é possível.
A valorização da sociobiodiversidade da floresta, promovendo oportunidades e inclusão das pessoas que vivem nela, gera renda e demonstra que a Amazônia vale muito mais de pé do que explorada de modo predatório.
Por sua atuação nesse sentido, a importância da trajetória do ambientalista e ativista Chico Mendes é reconhecida internacionalmente – embora nosso atual ministro do meio ambiente aparentemente não ache isso relevante (leia a nota das editoras do Conexão Planeta, no final deste post, sobre a celebração pelo aniversário de morte e legado de Chico) .
Resgatar sua história para as futuras gerações, e até mesmo para a nossa geração, é fundamental pra entendermos onde chegamos e como podemos avançar de modo mais sustentável, colocando as populações no centro da valorização da biodiversidade da floresta na construção dessa nova economia.
Essa semana me encontrei com um livro que vai muito nessa direção: A História de Chiquinho, que une o texto da escritora acreana Walquíria Raizer e as ilustrações da equipe do cartunista Ziraldo para contar a trajetória de Chico Mendes ao público infanto-juvenil.
Elenira Mendes, presidente do Instituto Chico Mendes, filha do ambientalista e idealizadora da publicação, destaca que o livro foi elaborado com o objetivo de aproximar os mais jovens da luta de Chico Mendes pela preservação da natureza. Ela procurou Ziraldo para ajudar a transmitir a história do pai para o público infanto-juvenil, e relata que o cartunista e sua equipe prontamente se engajaram ao projeto.
“É um projeto para alcançar essa nova geração, para que os jovens possam, a partir do ‘Chiquinho’, conhecer a luta dos seringueiros, a história do Acre, e que as pessoas possam ter Chico Mendes como seu herói“, diz Elenira.
Para Ziraldo, “Chico Mendes é um dos heróis do nosso tempo. A notícia de sua atuação na Amazônia, infelizmente, só chegou até nós depois de sua morte, quando a nação inteira tomou conhecimento da luta árdua daqueles que têm hoje a alcunha gloriosa de ‘povos da floresta‘. Agrada-me poder participar da tentativa de querer tornar mais presente a sua história e a história de seus companheiros na luta pelo respeito aos direitos das populações que vivem à sombra das gigantescas árvores da Floresta Amazônica”.
A História de Chiquinho traz a possibilidade de divulgar a trajetória e a importância de Chico Mendes junto a crianças de todo o Brasil. O traço torna mais leve e interessante a aproximação dessa figura tão importante para a mudança de paradigma do desenvolvimento da Amazônia, que perdeu sua vida ao confrontar a exploração predatória da floresta, como muitos outros que vieram depois.
Como afirma o livro, “Chiquinho morreu. Mas morrer de todo já não dava. Chico Mendes está vivo. Vivo em todos os meninos e meninas adultos, que não esquecem dos seus sonhos meninos. Que estão, nesse exato momento, reunidos em algum galpão, alguma casa de paxiúba, dentro de um barco, numa escola ou num grande prédio imponente. Que estão discutindo para saber como se pode lutar para que a floresta permaneça sendo do seu povo. Pois ela é do povo! A floresta é nossa vida e nossa história”
O livro A História de Chiquinho pode ser baixado gratuitamente aqui.
NOTA DAS EDITORAS do CONEXÃO PLANETA
Em dezembro de 2018, fez 30 anos da morte de Chico Mendes e teve festa em Xapuri, a cidade onde ele nasceu, cresceu e morreu, para celebrar o legado que ele deixou. Na época, publicamos diversos links no site para mostrar a dimensão de tudo que esse ativista fez pela Amazônia e seus povos e também o resultado desse encontro lindo: a Carta de Xapuri.
Vale muito a leitura para entender sua importância e porque é reconhecido no mundo e pela ONU. Só o atual ministro do meio ambiente o ignora, por ideologia e interesses.
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Imagem: reprodução
Parabéns, Mônica! Mais um prazer de ler…e Viva o Chico (e o Ziraldo)! Bjo
Boa Tarde Mônica!
Belíssima matéria. Devemos sempre lembrar dos povos que defendem as matas. Chico Mendes é nosso ícone na defesa da mata em pé. Mesmo tendo sido privado de sua vida, sua luta e exemplo ainda ecoam nas matas e seringais de tantos Xapuris mundo a fora. Tomara que possamos comemorar a volta de um Brasil com respeito aos nossos povos tradicionais e respeito ao ambiente. Pois bem, minha filha tem 9 anos e trouxe uma atividade da escola que é falar de Chico Mendes. Tendo baixar O livro A História de Chiquinho mas não estou tendo sucesso. Se puder gostaria que me informasse a forma que consigo essa publicação. De já agradeço.
Olá Ernane. Muito obrigada por ler meu texto. O link em que estava disponível o livro, a Biblioteca da Floresta, por alguma razão saiu do ar, mas encontramos o livro em outro link. Já atualizamos no texto, e segue aqui também para sua filha: https://respeitarepreciso.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Livro-AhistoriadeChiquinho.pdf
Boa Noite Mônica!
Excelente matéria. Elaborei um folder para a apresentação escolar do filho de uma amiga. Parabéns. Chico Mendes está Vivo em nós!
Obrigada pela leitura, Luciana. Chico Mendes segue vivo.