Fernando de Noronha tem sido pioneira na adoção de algumas medidas na área de sustentabilidade no Brasil. Em dezembro de 2018, por exemplo, anunciou a proibição da utilização e comercialização de diversos produtos feitos de plástico e isopor, como copos, talheres, canudos, sacolas, embalagens e garrafas. A lei entrou em vigor em julho do ano passado, quando moradores e turistas começaram a ser multados caso descumprissem a determinação.
E em 2020, o governo de Pernambuco* aprovou uma lei, a 16.810/20, estabelecendo que a partir de 12 de agosto de 2023 não será mais permitida a entrada na ilha de motos, carros, ônibus e caminhões movidos a gasolina, álcool e óleo diesel. E em agosto de 2030, ficará totalmente proibida a circulação dos mesmos, só sendo permitido o tráfego de veículos com emissão zero de poluentes.
Para alcançar essa meta foi criado o Projeto Trilha Verde. Idealizado pela empresa Neoenergia, ele conta com diversos parceiros, entre eles as companhias WEG, Incharge, Renault do Brasil e instituições de pesquisa como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).
Juntas elas ficarão responsáveis pela instalação de mais 12 postos de recarga na ilha e a construção de mais duas usinas solares, de onde virá a energia para o “abastecimento” dos veículos elétricos. Serão oito “ecopostos” com potência de 22 kW, que possibilitam uma recarga mais rápida, e outros dois com potência de 7,4 kW. Para garantir a disponibilidade de energia limpa mesmo durante a noite ou em períodos do dia sem sol, será instalado ainda um sistema de armazenamento de energia com potência de 100 kW/200 kWh.
As duas novas plantas solares serão construídas nos locais conhecidos como Vacaria e Laboratório Noronha, próximo à usina de tratamento de resíduos, e terão capacidade de gerar 155 MWh de energia por ano.
Após o lançamento oficial do programa, realizado na segunda-feira (21/03), serão levados para Noronha mais 18 veículos elétricos – alguns já estão em uso na ilha -, que serão utilizados pela equipe da Neoenergia, funcionários da administração pública, bem como por operadores de turismo, como por exemplo, trabalhadores de pousadas e hoteis.
Durante o período inicial do projeto, os carros serão utilizados por alguns meses por essas pessoas e depois trocarão de usuários. O objetivo é analisar como eles se comportam nas diversas atividades dos moradores e quais serão os melhores modelos para o local. Por isso, além do Zoe E-TECH, entregue pela Renault, outras fabricantes devem participar dos testes. Quatro buggies elétricos também foram fornecidos pela companhia eiON.
Obviamente que o projeto é promissor, mas fica uma pergunta. Como os habitantes de Fernando de Noronha conseguirão comprar veículos elétricos? Haverá algum subsídio especial do governo ou das fabricantes? Vale lembrar que o custo deles ainda é muito alto não apenas no Brasil, mas no mundo todo.
Questionada sobre a questão, a assessoria de imprensa da Administração de Fernando de Noronha afirma que ainda não há nenhum plano sobre isso.
*O arquipélago de Fernando de Noronha é considerado uma região geoeconômica, social e cultural do Estado de Pernambuco, instituído sob a forma de Distrito Estadual
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Foto: Bruno Lima – MTUR/Creative Commons/Flickr
