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Cerrado enfrenta pior seca dos últimos 700 anos

Cerrado enfrenta pior seca dos últimos 700 anos

Durante muitas décadas, a principal preocupação sobre desmatamento no Brasil se concentrava na Amazônia e os demais biomas não recebiam a atenção devida. Foi o caso do Cerrado, que ocupa quase 25% do território brasileiro e é o segundo maior do país. Chamado de “berço das águas”, nele estão a bacia hidrográfica do rio São Francisco e três aquíferos – Guarani, Bambuí e Urucaia. Essa savana, considerada a mais biodiversa do mundo, concentra 5% das espécies do planeta. 

Nos últimos anos, entretanto, com ritmos cada vez mais acentuados de destruição no Cerrado, o alerta foi dado. O bioma estava em perigo, vítima da expansão agropecuária e dos efeitos das mudanças climáticas.

E um estudo liderado por pesquisadores brasileiros e publicado na revista Nature Communications traz mais um dado alarmante sobre o bioma: a seca no Cerrado é a pior em pelo menos sete séculos.

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“Uma mudança marcante no equilíbrio hidrológico no centro-leste do Brasil, causada por uma tendência severa de aquecimento, pode ser identificada a partir da década de 1970. As nossas descobertas mostram que não há nada igual à atual aridez nos últimos 720 anos. Nossa análise indica que a tendência é principalmente impulsionada por forçamento antropogênico [causado pelo homem] e não pode ser explicada apenas por fatores naturais”, dizem os autores do artigo, que tem como autor principal Nicolas Misailidis Stríkis, professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP).

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores realizaram análises geoquímicas de estalagmites, formações minerais formadas a partir do gotejamento da água do teto, encontradas na caverna Lapa da Onça, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais. 

Os cientistas juntaram esses dados então com registros de temperatura, precipitação, vazão e equilíbrio hidrológico da estação meteorológica de Januária, uma das mais antigas de Minas.

“De 1970 a 2016, houve uma redução das chuvas de aproximadamente 7%; aumento da evapotranspiração de 18% e diminuição da vazão dos rios locais de 20% por década”, revelou Matheus Simões Santos, um dos co-autores do artigo. “Outro resultado apontou que a temperatura média subiu 2°C nos últimos 250 anos”.

“A mensagem é que não há paralelo com a seca que está ocorrendo agora. É importante notar que nosso estudo identificou um aumento nas temperaturas a partir da década de 1970. Esse aumento ainda não atingiu o seu pior pico”, ressaltou Francisco William da Cruz Junior, professor do Instituto de Geociências da USP.

Recentemente o relatório anual do Mapbiomas indicou que, pela primeira vez que a entidade faz o levantamento do desmatamento no país, o Cerrado ultrapassou a Amazônia nesse ranking de destruição. Em 2023, 61% do desmatamento observado no Brasil ficou concentrado no segundo maior bioma do país, representando 68% de aumento em relação a 2022 (leia mais aqui).  

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*Com informações e entrevistas contidas no texto da Phys.org

Foto de abertura: Paulo Maia / Creative Commons / Flickr

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