Cerca de 48 espécies de mamíferos e aves são salvas da extinção graças a esforços de conservação, entre elas, algumas brasileiras

Cerca de 48 espécies de mamíferos e aves são salvas da extinção graças a esforços de conservação, entre elas, algumas brasileiras

Nem tudo é má notícia. É preciso darmos espaço também para aquilo que vem sendo bem feito e dado resultado. Um exemplo é a determinação e o trabalho de profissionais da área de conservação do mundo inteiro. Um levantamento feito por uma equipe de pesquisadores internacionais, liderada por cientistas da Universidade de Newcastle e da BirdLife International, no Reino Unido, revelou que até 48 espécies de mamíferos e aves foram salvas da extinção desde 1993.

Em um artigo científico publicado no jornal Conservation Letters, os pesquisadores afirmam que se nada tivesse feito, as taxas de extinção dessas espécies teriam sido de três a quatro vezes mais altas. Os pesquisadores estimaram que 21 a 32 extinções de espécies de ave e 7 a 16 de mamíferos foram evitadas nos últimos 27 anos.

“É animador que algumas das espécies que estudamos tenham se recuperado muito bem. Nossas análises, portanto, fornecem uma mensagem surpreendentemente positiva de que a conservação reduziu substancialmente as taxas de extinção de pássaros e mamíferos. Embora extinções também tenham ocorrido no mesmo período de tempo, nosso trabalho mostra que é possível prevení-las”, ressalta Rike Bolam, principal autor do estudo.

Entre as espécies citadas pelos cientistas, que deixaram de ser extintas, estão o lince-ibérico (Lynx pardinus)-, o condor da Califórnia, o porco-pigmeu da Índia, o cavalo-de-przewalski da Mongólia (Equus ferus), o papagaio amazônico de Porto Rico (Amazona vittata) e as brasileiras choquinha-de-alagoas (Myrmotherula snowi), a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) e o mutum-de-alagoas (Pauxi mitu), que aparece na foto que abre este post.

As 32 espécies de aves cuja extinção foi evitada entre 1993 e 2020 vivem em 25 países, incluindo seis na Nova Zelândia, cinco no Brasil e três no México.

Um filhote de lince-ibérico

Para chegar às suas conclusões, a equipe analisou dados sobre o tamanho da população, tendências, ameaças e ações tomadas para proteger algumas aves e mamíferos mais ameaçados do planeta, que fazem parte da Lista Vermelha, da União Internacional para a Conservação da Natureza. Os especialistas então estimaram a probabilidade de que cada espécie tivesse sido extinta em um cenário hipotético em que nenhuma ação teria sido tomada.

Exemplos bem-sucedidos

O estudo destaca quais são as ações que foram colocadas em prática e acabaram tendo bons resultados. Vinte e uma espécies de aves se beneficiaram do controle de espécies invasoras, 20 da conservação em zoológicos e refúgios de vida silvestre e 19 da proteção de seu habitat. Quatorze espécies de mamíferos foram beneficiadas pela legislação e nove pela reintrodução e conservação de espécies em zoológicos e refúgios.

O exemplo do papagaio de Porto Rico é emblemático. No passado abundante naquele país, a pequena ave chegou a ter apenas 13 indivíduos na vida selvagem em 1975. Em 2006, começou-se então a fazer a reintrodução da espécie no Parque Estadual Rio Abajo. Há três anos, um furacão devastou a ilha e matou os papagaios soltos na natureza, mas os reintroduzidos no parque sobreviveram. Graças a esse projeto, o Amazona vittata não foi extinto.

Algo semelhante aconteceu com o cavalo selvagem da Mongólia. Declarado extinto na década de 60, nos anos 90 foi realizada a reintrodução do Equus ferus e em 1996 nascia o primeiro filhote na natureza. Hoje já são 760 indivíduos.

“Costumamos ouvir más histórias sobre a crise da biodiversidade e não há dúvida de que estamos enfrentando uma perda sem precedentes por meio da atividade humana – mas a perda de espécies inteiras pode ser interrompida se houver vontade suficiente para fazê-lo. Este é um apelo à ação”, Phil McGowan, outro especialista envolvido na pesquisa.

Cerca de 48 espécies de mamíferos e aves são salvas da extinção graças a esforços de conservação, entre elas, algumas brasileiras

O papagaio que vive na ilha de Porto Rico

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Fotos: divulgação Crax-Brasil (abertura), Frida Bredesen on unsplash (lince) e ©Tom Mackenzie / USFWS (papagaio)

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Suzana Camargo

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.