Em 2017, como contamos aqui nesta outra reportagem, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reduziu as áreas de proteção de dois monumentos nacionais: em 85% a de Bears Ears e em quase 50% a de Grand Staircase-Escalante, ambos localizados no estado de Utah, na costa oeste do país. A redução total chegou a quase 1 milhão de hectares de terras protegidas, a maior reversão federal deste tipo já feita na história daquele país. Hoje, Joe Biden anunciará a reversão dessas medidas, assim como restabelecimento da área original também do Northeast Canyons and Seamounts, o primeiro monumento marinho, localizado na costa da Nova Inglaterra (leia mais aqui).
Nos Estados Unidos, os chamados “monumentos nacionais” são terras públicas protegidas por lei contra o avanço do desenvolvimento, ou seja, contra a destruição provocada pela ambição do progresso desenfreado. A diferença entre monumentos e parques nacionais é que os primeiros são criados por presidentes e os segundos por aprovação do congresso americano.
Barack Obama determinou a criação de Bears Ears e Northeast Canyons and Seamounts em 2016 e Bill Clinton agiu em prol de Grand Staircase-Escalante em 1996.
A região histórica de Bears Ears e Grand Staircase-Escalante é lar de cinco etnias indígenas: Navajos, Hopis, Ute Mountain Utes, Ute Indian Tribe of the Uintah e Ouray Reservation e os Zunis. Repleta de canyons e habitat de algumas espécies ameaçadas de extinção, estão preservados ali também milhares de sítios arqueológicos, com artefatos dos índios nativos americanos e ainda, fósseis de dinossauros.
Na época, a equipe de Trump alegou que “as áreas não tinham interesse científico ou cultural significativos” e que “os recursos naturais de Utah não deveriam ser controlados por um bando de burocratas de Washington”. Sabe-se na verdade que a real intenção era abrir os monumentos para a exploração de óleo e gás natural, mineração, extração madeireira, além de outras atividades comerciais.
Quando as áreas foram reduzidas, diversas organizações de proteção ambiental, e empresas, como a marca Patagonia, entraram com ações judiciais contra a decisão da Casa Branca.
Em comunicado divulgado ontem (07/10), o governo de Biden reforçou a importância de preservação de áreas sagradas para os povos nativos americanos. “Restaurar essas proteções conservará uma infinidade de locais que são cultural e espiritualmente importantes para as Nações Tribais – incluindo petróglifos, pictogramas, locais culturais, habitações e áreas usadas para rituais tradicionais, reuniões e práticas tribais – bem como itens paleontológicos, características da paisagem , objetos históricos e espécies vegetais e animais. Restaurar os limites e as condições desses monumentos restaura sua integridade, mantém os esforços para honrar a responsabilidade fiduciária federal para com as Nações Tribais e conserva essas terras e águas para as gerações futuras”, diz o texto.
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Foto: Bureau of Land Management/Creative Commons/Flickr (Grand Staircase-Escalante/abertura)
Às vezes é preciso a paciência de aguardar pelo Super Herói capacitado a reverter a desgraça que anti heróis ambientais causaram para seu povo e para o mundo. Biden chegou para fazer isso e seu povo merece. Parabéns.