
Quando se pensa em Amazônia, o imaginário de muitos de nós, que em grande parte nunca esteve naquela região tão rica do país, resume-se à densa vegetação que compõe a floresta, seus rios e povos originários que lá habitam.
Esse imaginário agrega também, em especial nos últimos anos, desmatamento e incêndios que devastam a floresta e o garimpo ilegal em terras indígenas, frutos da omissão e incentivo do governo federal a essas desgraças que vão rasgando a vegetação, a biodiversidade e os modos de vida de suas populações, que vivem sob risco permanente.
Nós, que estamos tão longe dela, inseridos em ambientes urbanizados, com alta densidade demográfica e cada vez mais escasso contato com nossas matas, assistimos perplexos às barbáries que devastam a Amazônia e seus povos. Nos agrupamos em mobilizações coletivas, acionando todas as ferramentas possíveis para contribuir de algum modo para que a Amazônia Legal e seus povos tenham a proteção que lhes é assegurada na Constituição de 1988, e que vem sendo continuamente ignorada.
Mas quero voltar, aqui, à questão colocada no início deste texto, o nosso imaginário sobre a Amazônia. Em especial sobre seus habitantes. São diversas etnias indígenas, ribeirinhos, agricultores, extrativistas que convivem com a floresta. E são também empreendedores e empreendedoras que tecem, por uma série de razões, novos olhares sobre a economia da floresta.
E esses novos olhares se traduzem em cadeias produtivas que valorizam os saberes da Amazônia e de seus povos, incluindo-os em processos que geram impacto positivo para a biodiversidade, além de trabalho e renda para suas populações.
Amazônia em casa, floresta em pé
Um dos grandes desafios para o crescimento dessa economia está na comercialização e na logística. Esses negócios dos quais falo contribuem para conservar a floresta e sustentar seus habitantes, gerando impacto ambiental e social positivo para a região. Mas não conseguem alcançar esses objetivos se não contarem com modos eficazes de escoar a produção e garantir aos brasileiros o acesso a esses incríveis saberes e sabores.
É na busca de soluções para esse desafio que se insere a campanha Amazônia em casa, Floresta em pé. Ela busca ampliar a visibilidade e apoiar o crescimento de marcas do portfólio do Programa de Aceleração e Investimento de Impacto da Plataforma Parceiros pela Amazônia e também de empreendedores do projeto piloto do Bloco de Acesso a Mercado. O bloco é fruto do Lab Amazônia (parceria entre Climate Ventures e Idesam), que visa encontrar soluções de logística e comercialização para negócios sustentáveis amazônicos.
O Mercado Livre uniu-se a este movimento, emprestando seu potencial de expansão de vendas online e proporcionando aos brasileiros o acesso facilitado a esses produtos. Os produtos podem ser comprados diretamente na plataforma, e também lá estão cestas temáticas, que agregam vários desses produtos.
São colares e pulseiras (moda sustentável) que utilizam látex e outras riquezas da floresta, sandálias, cestarias e artefatos de diversas etnias indígenas, sabores genuínos como o tucupi e o molho de tucupi preto, chocolates feitos com cacau nativo, geleias, mel de abelhas nativas sem ferrão, castanhas, biscoitos, granolas, farinhas, café de cultivo agroflorestal, entre muitas outras preciosidades amazônicas, agora mais acessíveis.
As marcas que integram a campanha são: Cacauway, Café Apuí Agroflorestal, Chocolates De Mendes, Da Tribu, D´Amazônia Origens, Farofa da Amazônia, Floresta em Pé, Manioca, Na’kau, Peabiru Produtos da Floresta, Seringô, Simbioze Amazônica, Taberna da Amazônia, Terramazonia e Tucum.
“Estamos muito felizes com esta parceria, pois ela reforça a nossa estratégia de dar aos consumidores a oportunidade de fazer escolhas que gerem impactos socioambientais positivos e, ao mesmo tempo, contribui para o fortalecimento de empreendedores que contribuem para a geração de renda local e para o desenvolvimento de uma economia cada vez mais sustentável na Amazônia ”, afirma Laura Motta, gerente de sustentabilidade do Mercado Livre.
Integram-se também à iniciativa AmazôniaHub, Instituto AUÁ e Biobá Plataforma SocioBio, parceiros fundamentais na operacionalização de toda a campanha.
“Quando vemos estes produtos incríveis disponíveis não imaginamos tudo que é necessário para que eles cheguem até o mercado. A cadeia produtiva da sociobiodiversidade é longa e complexa, envolve desde a extração sustentável das matérias-primas da floresta, o beneficiamento dos produtos, a logística, a armazenagem, a distribuição e as vendas”, conta Floriana Breyer, da Climate Ventures, coordenadora do Lab Amazônia.

A necessidade de fomentar a economia da floresta
Muito temos atuado desde a redemocratização do país pela preservação e conservação da Amazônia, contando, para isso, com uma das mais avançadas e restritivas legislações ambientais do mundo e mecanismos de fiscalização e controle bem definidos. E vínhamos tendo êxito nisso.
Como aponta Ricardo Abramovay em seu livro Amazônia – por uma economia do conhecimento da natureza, no período entre 2004 e 2012 o país conseguiu reduzir o desmatamento em cerca de 80% na Amazônia, sendo internacionalmente reconhecido por esta conquista e tornando-se líder global na elaboração de mecanismos voltados à proteção e à exploração sustentável da floresta.
No entanto, em anos mais recentes tudo isso vem desmoronando e os índices de desmatamento voltaram a crescer em ritmo acelerado. O Brasil, de vanguarda e exemplo, passou a pária ambiental nos grandes fóruns mundiais.
Isso nos aponta a importância de, além de fortalecer muito a fiscalização e os mecanismos de comando e controle, fomentar uma economia da floresta. Dar apoio a esses empreendedores e empreendedoras que trabalham para estabelecer negócios sustentados por cadeias produtivas que conservam a floresta e envolvem suas populações é um dos caminhos para isso.
A campanha Amazônia em casa, Floresta em pé pretende tornar-se um movimento permanente, ao qual outras marcas e parceiros que tenham o compromisso com produção sustentável, conservação da floresta e geração de trabalho e renda para suas populações poderão se agregar. Como o caso da rede Rede Origens Brasil®, idealizada pelo ISA – Instituto Socioambiental e o Imaflora, que promove negócios sustentáveis na Amazônia garantindo que a procedência dos produtos venha de áreas prioritárias de conservação (leia Rede Origens Brasil é premiada pela ONU).
“A Amazônia oferece produtos incríveis, que são desconhecidos pela maioria dos brasileiros. O grande desafio é construir uma nova economia regional por meio de empreendedores e negócios sustentáveis, que geram renda e qualidade de vida para comunidades locais que ajudam a conservar a floresta. Nosso maior objetivo com a campanha é oferecer a possibilidade de conectar um pouco mais os brasileiros com a floresta amazônica,” diz Mariano Cenamo, coordenador do Programa de Aceleração e Investimento de Impacto da PPA e diretor de novos negócios do Idesam.
Compre os produtos no site Mercado Livre.
Fotos: Amazônia em casa, Floresta em pé/divulgação