PUBLICIDADE

A vacina para o coronavírus e tantas outras pandemias: #TireAsMãosDosSilvestres

A vacina para o coronavírus e tantas outras pandemias: #TireAsMãosDosSilvestres

Infelizmente, foi necessário que mais uma tragédia acontecesse, a pandemia do coronavírus, que até este momento já contaminou quase 1,5 milhão de pessoas e matou mais de 80 mil em todo mundo, para que mais uma vez, a sociedade voltasse a discutir a questão do tráfico de animais silvestres.

Alguns especialistas suspeitam, mas não há confirmação científica ainda, que o vírus causador do COVID-19 pode ter sido transmitido de animais silvestres para humanos. Os primeiros casos da doença foram detectados justamente em pessoas que frequentavam um mercado em Wuhan, na China, onde eram vendidos animais vivos.

Vale ressaltar que em 2007, ou seja, há treze anos, cientistas já tinham feito um alerta que, o consumo de animais exóticos era uma “bomba-relógio”, pronta a explodir, porque o morcego era um reservatório de vírus SARS-Cov (o novo coronavírus, o COVID-19, pertence à mesma família do SARS).

Diante dessa pandemia sem precedentes, novamente, cientistas, biólogos e entidades de preservação vêm a público alertar sobre a necessidade, urgente, de dar um basta no tráfico de animais silvestres.

PUBLICIDADE

Diversas organizações internacionais* se uniram para lançar a campanha #TireAsMãosDosSilvestres (#HandsOffWildlife, no original em inglês), um apelo às comunidades globais de conservação, saúde, negócios e segurança para que se unam e previnam mais pandemias, eliminando o comércio de animais silvestres e revertendo a destruição de ambientes naturais – as duas causas principais da pandemia de COVID-19 e de outros prováveis novos surtos de doenças.

“É imperativo, se quisermos diminuir a probabilidade de novas pandemias de zoonoses, que mudemos a forma como exploramos a fauna silvestre. O mundo precisa se engajar em uma ação global para mudar a indústria e os chamados “hábitos culturais”. Este não pode mais ser um assunto restrito a ambientalistas”, afirma a bióloga Juliana Machado Ferreira, diretora executiva da Freeland Brasil, uma das organizações que participam da campanha.

“O Relatório de Avaliação Global sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos de 2019, preparado por 145 especialistas de 50 países, estimou que quase 1 milhão de espécies correm o risco de extinção por atividades humanas. Este “evento de extinção em massa”, o sexto na história do nosso planeta, é impulsionado pela caça furtiva, destruição do meio ambiente e conversão de terras à agricultura, cuja combinação está aumentando drasticamente nossa exposição a patógenos novos e desconhecidos”, explicam os idealizadores da #TireAsMãosDosSilvestres.

Em nosso país, Juliana explica que as espécies mais traficadas para o mercado interno não são as mesmas “enviadas” para exportação. “No entanto, em termos de volume, aqui no Brasil, podemos citar as aves canoras (canário da terra, trinca ferro, papa-capim, galo da campina, corrupião, entre outras), papagaios (principalmente o papagaio verdadeiro), iguanas, jabutis, cobras, macacos e outros pequenos mamíferos como muito comuns no tráfico de animais de estimação de espécies silvestres”.

Mas a bióloga destaca ainda que há também tráfico de peixes ornamentais, de barbatanas de tubarão, de pepinos do mar, de ovos de diversas espécies de aves, de cágados, jabutis, psitacídeos, de carne e couro de jacarés e o comércio amplo de carne de caça (paca, anta, cutia, porcos selvagens, avoantes, entre outros).

E como a população pode se engajar na campanha #TireAsMãosDosSilvestres?

“Em primeiro lugar é necessário que as pessoas entendam e aceitem que animais silvestres não devem ser animais de estimação. Assim como devem evitar ao máximo o consumo de carne dos mesmos. A população também pode se informar e se tornar replicadora de informações, pode denunciar atos ilegais para ONGs ou autoridades competentes e realizar doações”, destaca a diretora da Freeland Brasil.

Se você tiver alguma informação sobre tráfico de animais silvestres e quiser fazer uma denúncia, pode entrar em contato com a Polícia Militar Ambiental da sua região ou ligar para a linha verde do IBAMA – 0800 61 8080. ONGs também podem receber e repassar denúncias. Mais informações podem ser encontradas na página da Freeland Brasil.

————————————————————————————

No final de fevereiro, quando o surto do coronavírus já tinha atingido seu ápice em Wuhan, na província de Hubei, o governo chinês decidiu proibir o consumo de animais selvagens. A decisão incluiu a caça, o comércio, o transporte e o consumo de todos os animais selvagens terrestres, criados em cativeiro ou capturados, como burros, morcegos, veados e pangolins.

Infelizmente, perante a pandemia global, a medida foi tomada tarde demais.

————————————————————————————-

*Fazem parte da campanha #TireAsMãosDosSilvestres as seguintes organizações internacionais: Born Free, EarthPulse, Environmental Investigation Agency, Education for Nature Vietnam, Freeland, GenBlue, Green Consumers’ Foundation, International Fund for Animal Welfare, Ocean Preservation Society, Task, Transparent World, Wildlife Alliance, WWF Ásia-Pacífico.

Leia também:
Não esqueçamos a origem do coronavírus: parem o tráfico e consumo de animais silvestres imediatamente!
Shenzhen é a primeira cidade da China a proibir o consumo de carne de cães e gatos
Tigre de zoológico de Nova York testa positivo para coronavírus
“Faça-nos um favor, presidente. Comece a tratar a ciência com respeito”, diz cientista a Trump, sobre ações contra coronavírus e crise climática
Pangolim, o mamífero mais traficado no mundo

Foto: David Brossard/Creative Commons/Flickr

Comentários
guest

0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Notícias Relacionadas
Sobre o autor
PUBLICIDADE
Receba notícias por e-mail

Digite seu endereço eletrônico abaixo para receber notificações das novas publicações do Conexão Planeta.

  • PUBLICIDADE

    Mais lidas

    PUBLICIDADE