A chegada das crianças aos encontros do projeto Ser Criança é Natural é sempre cheia de entusiasmo. De alguma maneira, elas se preparam, com seus pais, para esse momento especial.
Sabemos disso pelo olhar de curiosidade presente em todas elas, quando chegam. No início de cada encontro, após as orientações iniciais, as crianças recebem um saquinho e um convite: “Durante o passeio, guardem aqui dentro aquilo que vocês mais gostarem”. É o suficiente para que elas percorram o caminho com um olhar pesquisador.
Encontram sementes, folhas, gravetos, pedras, flores. Muitos elementos semelhantes, todos diferentes. Cada elemento é único, exatamente como cada cada criança que está ali. Só isso já é uma valiosa lição sobre a unidade na diversidade. Claro que não é conceito! É só experiência que fica gravada em suas células. E a experiência é a base da compreensão, que virá mais tarde.
Algumas crianças enchem o saquinho até não poder mais, outras coletam um ou dois elementos. Algumas crianças pegam um pouco de cada coisa que encontram: querem reunir grande variedade. Outras tornam-se especialistas.
Já tivemos especialistas em galhos, por exemplo – só iam para o saquinho os galhos e gravetos aprovados pelo controle “quebra” ou “não quebra”. Aqueles que não quebravam estavam bons para a coleção. Já tivemos também especialistas em folhas: de muitas cores, formatos e tamanhos, mas apenas folhas. O pai de um menino dizia: “Olha essa semente! Coloca essa semente no saquinho também!” E o menino respondia: “Não pai! Hoje só quero folha!”.
E, assim, nesse movimento de cada um descobrir os outros seres da natureza, descobre-se um pouco mais de si mesmo. Cada um com sua inspiração do dia. Cada um com aquilo que o encanta naquele momento. Uma filosofia prática, que não passa pelo pensar, mas pela percepção sensível do mundo.
Ao final do caminho, nos reunimos. Todos organizam seus tesouros e preciosidades sobre um grande tecido e compartilham suas descobertas. E, então, a descoberta de um torna-se aprendizado para todos.
Para a despedida, nosso convite é para que todos os tesouros sejam devolvidos para a natureza. Esse gesto, carregado de poesia e reverência, contém a compreensão de que a vida é assim, formada de momentos intensos e belos, num vaivém sem fim!
Fotos: Renata Stort
Com ensinamentos como estes, o futuro, tem possibilidades maiores de uma vida mais equilibrada e menos consumista.
Parabéns a vocês.
E é isso que esperamos, Roberto! Quanto mais gente acreditar que é possível, mais chances das transformações acontecerem!