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Projeto Órfãos do Fogo resgata tamanduás vítimas dos incêndios no Pantanal

Tamanduá sendo tratado

Mais de duas semanas após um incêndio ter destruído 80% da área do refúgio ecológico Caiman, no município de Miranda, no Mato Grosso do Sul, os impactos do fogo sobre a vida selvagem ainda são registrados. Na quarta-feira (21/08), uma equipe do Instituto Tamanduá resgatou um tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), que sofreu queimaduras em diversas partes do corpo, especialmente nas patas.

Após ser atendido no ambulatório construído na Caiman, ele foi transferido para a base do instituto na pousada Aguapé, na região de Aquidauana, onde passará por tratamento nos recintos do projeto Órfãos do Fogo, criado em 2020 – ano em o fogo queimou quase 30% da vegetação do Pantanal e matou 17 milhões de animais. E agora, a tragédia parece estar se repetindo.

Desde o começo de agosto, tem sido intenso o trabalho de diversas organizações que atuam no bioma para resgatar os bichos feridos e debilitados. Infelizmente, nem todos sobrevivem aos incêndios. Há poucos dias, o Instituto Tamanduá compartilhou as imagens chocantes de uma fêmea que teve 90% do corpo queimado e ainda estava viva. As lesões eram tão profundas e irremediáveis, que decidiu-se pela eutanásia, poupando um sofrimento ainda maior do animal.

“Milhares de vidas estão sendo perdidas diariamente. Estamos há meses alertando sobre as queimadas no bioma, há tempos informando sobre os impactos provocados pela seca e pelas chamas”, ressaltou a ONG em suas redes sociais.

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Tamanduá vítima do fogo

Registro do momento em que um tamanduá, ferido, foi sedado com um dardo tranquilizante
Foto: divulgação Instituto Tamanduá

A médica veterinária Flávia Miranda, fundadora e presidente do Instituto Tamanduá, diz que os incêndios no Pantanal não estão recebendo a atenção apropriada. “O estrago está sendo enorme. Acho que ninguém está conseguindo mensurar e dar a devida atenção a isso. Já perdemos mais um 1 milhão de hectares esse ano. Na região de Miranda e de Aquidauana, mais de 300 mil hectares foram queimados em três ou quatro dias, uma loucura”.

Tamanduá vítima do fogo

Flávia ao lado do tamanduá resgatado com as quatro patas queimadas
Foto: divulgação Instituto Tamanduá

Órfãos do Fogo: tratamento, reabilitação e reintrodução

Depois que um animal é resgatado, seja vítima de incêndios ou atropelamentos – tamanduás possuem movimentos lentos e por isso, ao tentar fugir das chamas, têm mais chances de serem atropelados nas estradas -, o processo de recuperação é longo. O primeiro estágio envolve o tratamento das lesões e só depois que ele apresenta boas condições de saúde, é que pode se pensar na reintrodução à natureza.

No caso de filhotes órfãos, muitas vezes eles precisam ser treinados para adquirir as técnicas necessárias para sobreviverem na vida selvagem, já que aprendem isso com as mães.

“Temos cerca de treze ou quinze filhotes que chegaram ao projeto em 2019/2020. Depois disso, antes dos incêndios das últimas semanas, recebemos mais três e agora são mais dois adultos”, revela Flávia. “Dos animais que resgatamos recentemente dois vieram a óbito, com o corpo muito queimado.”

Apesar das queimaduras graves nas patas e exposição óssea, a médica veterinária diz que há esperança de que o tamanduá encontrado na Caiman fique bem.

A expectativa é que ele se recupere e possa ter o mesmo destino de Cecília e Darlan, dois filhotes resgatados em 2021, que dois anos depois, puderam ganhar a liberdade.

Tamanduá em tratamento

Tratamento nas patas do tamanduá incluem o uso de peles de tilápia
Foto: divulgação Instituto Tamanduá

Contribua com o trabalho do Instituto Tamanduá

Você pode ajudar esse trabalho lindo e importantíssimo feito pela equipe de profissionais do Instituto Tamanduá. Faça uma doação pelo PIX – apoie@tamandua.org ou diretamente no site da ONG.

Vale lembrar que o tamanduá-bandeira, conhecido ainda como papa-formigas, tamanduá-açú, jurumi ou jurumim, é considerado ameaçado de extinção

 
 
 
 
 
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Foto de abertura: divulgação Instituto Tamanduá

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