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Importante habitat da fauna pantaneira, Reserva São Francisco do Perigara tem 85% da área queimada pelo fogo

Importante habitat da fauna pantaneira, Reserva São Francisco do Perigara tem 85% de sua área queimada pelo fogo

“O fogo ainda não acabou!”. A organização Onçafari, que trabalha pela conservação das onças-pintadas (Panthera onca) no Pantanal, usou suas redes sociais para fazer o alerta sobre os incêndios que destroem o bioma desde o final de julho. E revelou que o fogo já queimou 85% da área da Reserva São Francisco do Perigara, localizada no município de Barão de Melgaço, no Mato Grosso.

A reserva é uma das três propriedades que pertencem ao Onçafari no Pantanal, usadas para projetos de conservação (uma delas, a Santa Sofia, teve 65% da área perdida). Na Perigara, brigadistas vem tentando controlar o fogo desde 3 de agosto, mas ainda há focos ativos segundo brigadistas e voluntários que estão no local. Infelizmente, as condições climáticas dessa semana, com altas temperaturas e ventos fortes, ajudam o avanço das chamas (veja o vídeo ao final desse texto).

São Francisco do Perigara e um importante refúgio da arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus) e também, de diversas outras espécies pantaneiras.

Como contamos nesta outra reportagem, essa não é a primeira vez que a reserva em Barão de Melgaço sofre com os incêndios no Pantanal. Em 2020, quando quase 30% do bioma foi destruído pelas chamas, 50% dos ninhos de arara-azul foram atingidos. Até então, a fazenda era conhecida por abrigar 15% da população mundial da espécie. Há quatro anos, aproximadamente 700 delas viviam lá.

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“Depois do incêndio um grupo delas permaneceu até uns cinco ou seis meses na fazenda, enquanto ainda tinha comida, e quando acabou o alimento, elas debandaram. Estamos em 2024 e o número máximo que temos na Perigara hoje em dia é de 250 araras-azuis. Mais da metade delas nunca mais voltou. Não sabemos para onde foram ou se morreram. Houve uma redução de 70% da população”, diz a bióloga Neiva Guedes, fundadora e diretora do Instituto Arara Azul.

Importante habitat da fauna pantaneira, Reserva São Francisco do Perigara tem 85% de sua área queimada pelo fogo

Gaia era acompanhada desde o nascimento pela equipe do Onçafari:
ela foi uma das centenas de vítimas do fogo
Foto: Lucas Morgado / Onçafari

Animais mortos e feridos

A Reserva São Francisco do Perigara é uma das muitas áreas do Pantanal que foram destruídas pelo fogo nas últimas semanas. Outra importante base de várias organizações ambientais, entre elas o Onçafari e o Arara Azul, o refúgio ecológico Caiman, em Miranda, no Mato Grosso do Sul, também teve 80% de sua área queimada pelos incêndios.

Lá foi o local onde a onça Gaia, monitorada pela equipe de biológos do Onçafari, foi encontrada morta, carbonizada.

Além dela, outras duas onças foram resgatadas também na região com as patas queimadas pelo fogo, entre elas, Miranda e Itapira.

Importante habitat da fauna pantaneira, Reserva São Francisco do Perigara tem 85% de sua área queimada pelo fogo

Itapira, a fêmea encontrada com queimaduras de segundo grau na pata e que foi levada para
tratamento no Instituto NEX No Extinction, em Corumbá de Goiás
Foto: acervo Instituto NEX

#RecuperaPantanal: ajude o trabalho do Onçafari!

Os incêndios no Pantanal começaram mais cedo em 2024 e são resultado de uma seca histórica. Infelizmente, o chamado “pico da seca” no bioma ocorre, em geral, em setembro e outubro. Assim, há grande preocupação de que a temporada de queimadas deste ano possa superar a de 2020, quando as chamas queimaram quase 30% da vegetação e mataram 17 milhões de animais.

Desde o começo do ano, o fogo já consumiu mais de 1 milhão de hectares do Pantanal. O trabalho de recuperação não será fácil. São esforços de longo prazo e que demandam investimento para que a fauna pantaneira não pereça.

O Onçafari lançou a campanha #RecuperaPantanal para arrecadar recursos para financiar o trabalho de brigadistas, o resgate e tratamento de animais feridos, assim como a compra de alimentos para a suplementação extra de comida para os bichos e a construção de poços e açudes.

As doações podem ser feitas através do PIX 24.030.384/0001-53

Doe, ajude e compartilhe!

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Foto de abertura: Stéphanie Birrer

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