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Aos 87 anos, Sylvia Earle, a mais renomada oceanógrafa do mundo, faz seu primeiro mergulho no Brasil

Quando se fala na proteção dos oceanos do planeta, Sylvia Earle é o primeiro grande nome que vem a mente de muitos. Dentre as diversas homenagens recebidas ao longo da longa carreira em prol da conservação de nossos mares e de sua biodiversidade, a bióloga marinha, oceanógrafa e exploradora americana recebeu o título da revista Time de “Heroína do Planeta”. Foi a primeira mulher cientista chefe da Agência Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos.

Aos 87 anos, Sylvia está no Brasil. Já visitou o país outras vezes, mas pela primeira vez ela mergulhou em águas brasileiras. A pesquisadora, que tem no currículo mais de 7.500 horas no fundo do mar, veio ao país para conhecer o trabalho realizado pelo Projeto Ilhas do Rio, na região do Monumento Natural das Ilhas Cagarras, a primeira Unidade de Conservação Marinha de Proteção Integral da cidade do Rio de Janeiro e participar da conferência “Oceano e Clima – a conservação marinha no combate às mudanças climáticas no Brasil”.

Na segunda-feira, 26/07, a pesquisadora mergulhou no entorno das Ilhas Cagarras. Segundo post compartilhado pelo Ilhas do Rio em suas redes sociais, Sylvia pode observar baleias-jubarte e uma raríssima aparição de baleia-franca com um filhote.

“Prestes a completar 88 anos, Dra. Sylvia Earle, a grande referência para conservação marinha no planeta, mergulhou pela primeira vez no Brasil. Um dia para ficar marcado!”, celebrou a equipe do projeto.

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Em 2021, como contamos nesta outra reportagem, o Monumento Natural das Ilhas Cagarras e as águas do entorno entraram para a seleta lista de “Hope Spots” da Aliança Internacional Mission Blue, composta por aproximadamente 140 locais em todo o mundo.

Sylvia Earle é presidente da instituição, que concede o título“Hope Spot” – “Pontos de Esperança”, como é chamado em português -, que reconhece a diversidade, importância e também risco em que se encontram certos ecossistemas e que, por isso, merecem atenção do poder público e da sociedade para que se mantenham conservados.

Registros do mergulho de Sylvia Earle no Brasil
(Fotos: divulgação Ilhas do Rio)

Apesar de estar localizado a apenas 5 km da praia de Ipanema, ou seja, tão próximo do centro urbano, o Monumento Natural das Ilhas Cagarras é um importante corredor migratório de baleias e habitat de centenas de espécies marinhas raras, endêmicas e também, em risco em extinção. Já foram registradas ali mais de 600 espécies de animais e plantas. E se não bastasse tudo isso, ainda abriga um sítio arqueológico tupiguarani.

As águas no entorno das Ilhas Cagarras que também foram incorporadas à região delimitada como Hope Spot incluem desde as praias da Zona Sul carioca, como Leblon e Copacabana, até a entrada da Baía de Guanabara, a Ilha de Cotunduba e a Praia Vermelha.

O selo internacional é um aliado não somente para chamar ainda mais a atenção sobre a necessidade de proteção a esta área tão rica, mas também, como promovê-la através do ecoturismo.

As Ilhas de Galápagos, no Equador, e a Grande Barreira de Coral, na Austrália, também possuem o título de “Pontos de Esperança”.

Preservação e novas descobertas

Há uma década pesquisadores da Projeto Ilhas do Rio monitoram a região e fazem um trabalho importantíssimo para a conservação de espécies e seus habitats. Ao longo desses anos, realizaram descobertas curiosas, como uma espécie de perereca que só existe ali; e uma espécie de árvore, a Gymnanthes nervosa, que não era encontrada no município do Rio de Janeiro desde 1940.

Também foram catalogadas esponjas do mar com propriedades medicinais, como a Petromica citrina (ou esponja-dourada), e outras ameaçadas, como a esponja-carioca Latrunculia janeirensis.

O Monumento Natural das Ilhas Cagarras, no RJ, é reconhecido internacionalmente como santuário da biodiversidade

Macaquinho-cabeça-preta
(Foto: @Athila Bertoncini / Ilhas do Rio)

Entre os cetáceos observados nas Ilhas Cagarras estão golfinho-flíper, golfinho-de-dentes-rugosos, orca, baleia-de-bryde, baleia-jubarte e baleia-franca-austral.

Muitas espécies são endêmicas da região, ou seja, só existem ali e em nenhum outro lugar do mundo
(Foto: @Athila Bertoncini / Ilhas do Rio)

Outra ação de destaque feita pelo time do projeto é em relação à vegetação da Ilha Comprida. Ela foi tomada pelo capim-colonião, uma espécie invasora africana, que acaba com a flora local nativa. Aos poucos, o capim tem sido retirado e nos últimos sete anos foram plantadas 350 mudas de quatro espécies nativas, entre elas, a aroeira (Schinus terebinthifolius), que cresceu bem no local. Já podem ser vistas várias árvores dela, com mais de 3 metros de altura e frutos.

O Monumento Natural das Ilhas Cagarras, no RJ, é reconhecido internacionalmente como santuário da biodiversidade

O título de “Hope Spot” pode impulsionar o ecoturismo na região
(Foto: @Athila Bertoncini / Ilhas do Rio)

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Foto de abertura: divulgação Projeto Ilhas do Rios: @Athila Bertoncini (aérea destaque no mosaico/caranguejo-de-coral, coral cor de rosa, peixes) e Fernando Moraes (bromélia)

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