Há três meses, quando as nações do G7 anunciaram a doação de 1 bilhão de vacinas a países menos favorecidos, os Estados Unidos já tinham se comprometido com a compra de 500 milhões de doses. E ontem, durante uma reunião global sobre a pandemia da covid-19, o presidente americano Joe Biden afirmou que outras 500 milhões de unidades serão adquiridas da farmacêutica Pfizer e enviadas através da aliança global Gavi Covax, liderada pela Organização Mundial de Saúde.
Durante o encontro, um evento paralelo à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, que contou com a participação virtual de outros líderes mundiais, como o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e Ursula Leyen, presidente da Comissão Europeia, além do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, Biden afirmou que seu governo irá doar também U$ 370 milhões para ajudar na administração dos imunizantes. Além disso, outros U$ 250 milhões serão investidos em um novo fundo internacional que tem como objetivo combater futuras pandemias.
“Não vamos resolver esta crise com meias-medidas ou ambições de meio-termo. Precisamos ser ambiciosos. E precisamos fazer a nossa parte: governos, setor privado, líderes da sociedade civil, filantropos”, disse Biden. “Devemos nos unir com base em alguns princípios: que nos comprometamos a doar, não vender – doar, não vender – doses para países de baixa renda e que as doações venham sem amarras políticas”, ressaltou.
Apesar do gesto americano – o país já doou até o momento 1,1 bilhão de doses -, há muitas críticas em relação aos Estados Unidos e outros governos da Europa que aprovaram a aplicação de uma terceira dose da vacina, um reforço, para adultos com mais de 65 anos e aqueles pertencentes a grupos de risco, enquanto menos de 10% da população das nações mais pobres – e menos de 4% dos africanos – estão totalmente vacinados.
Em todo o mundo, 79% das doses administradas foram em países de alta e média alta rendas, de acordo com o projeto Our World in Data da Universidade de Oxford.
Internamente, Biden também lida com a pandemia dos “não-vacinados”. Pouco mais de 50% dos americanos já receberam as duas doses da vacina, enquanto milhões ainda se recusam a ser imunizados. O resultado disso é que o número de mortes relacionadas com a covid voltou a subir nos últimos meses e está em cerca de 2 mil óbitos por dia. 678 mil pessoas já morreram vítimas da doença no país. Globalmente, são 4,7 milhões de vítimas da pandemia.
A pressão internacional cresce também para que as companhias farmacêuticas, como a Pfizer, compartilhem a tecnologia para a fabricação de vacinas com outros laboratórios, permitindo assim que a produção local garanta um acesso mais rápido a todos os cantos do mundo.
O Brasil não aparece na lista de países que devem receber as vacinas a serem doadas pelos Estados Unidos.
*Com informações da assessoria de comunicação da Casa Branca e do jornal The New York Times
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Foto: reprodução Facebook White House