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Feiras de economia solidária são ótimas oportunidades para ouvir boas histórias e exercitar a empatia

Para quem mora em São Paulo ou está aqui de passagem, 8 de junho próximo é uma data para marcar na agenda. Nesse dia, acontecem duas feiras de economia solidária: uma na região da Avenida Paulista e outra no Butantã, zona oeste da cidade.

Nada melhor para perceber as questões que permeiam e dialogam com a economia solidária do que uma imersão em feiras como essas. A comercialização de acessórios, roupas, artigos de decoração, bijuterias, alimentação, itens da agroecologia e da agricultura familiar, dentre tantos outros tipos, é o ponto de atração do público. Mas, para aqueles que se interessam pelo tema, é apenas a ponta de uma exploração que pode revelar muito sobre esse universo.

Essas duas feiras são cíclicas e acontecem com certa frequência na cidade. Já estive em algumas das edições, e o barato maior pra mim é ouvir as histórias dos participantes. Elas começam a se desenrolar quando puxamos a ponta do novelo, normalmente a partir de informações sobre os itens comercializados. Tanta riqueza nesses universos para ser explorada!

A Feira de Economia Feminista e Solidária, que acontece no Ponto Butantã de Economia Solidária e Cultura, é promovida pela Associação de Mulheres da Economia Solidária de São Paulo (AMESOL) mensalmente, desde 2017. Aqui, além da comercialização dos produtos, há espaço para rodas de conversa e atrações culturais que têm em seu centro o lugar da mulher nesse universo. Universo econômico, universo solidário, universo do cuidado.

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Já apontei aqui no Conexão Planeta, mais de uma vez – uma delas é esta -, o quanto a experiência de conhecer o Ponto Butantã é rica. Para além dos eventos pontuais, que são diversos e sempre muito interessantes, focados em grande parte na questão da saúde mental e da economia solidária, lá funcionam empreendimentos tocados por usuários da rede de saúde mental do município. É possível almoçar na Comedoria Quiririm, comprar livros na Livraria e Sebo Louca Sabedoria e comprar itens produzidos por redes de artesãs na Loja Pé a Biru. Esses espaços são também muito convidativos para ouvirmos histórias de vida.

A Feira da Rede de Saúde Mental e Economia Solidária, que acontece no Parque Mário Covas, na Avenida Paulista, tem uma disposição física um pouco diversa da que acontece no Ponto Butantã. Parece mesmo uma feira, com dezenas de barracas que comercializam os itens produzidos por grupos da Rede. De edições anteriores, eu já trouxe para casa bijuterias, bolsas, pimentas, pães e artigos de decoração. Além da variedade de itens e de grupos participantes, a Rede sempre programa atrações culturais também, às vezes rodas de conversa abordando temas de interesse.

Economia solidária e saúde mental na berlinda

Nunca é demais lembrar que a economia solidária e a política de saúde mental consolidadas no Brasil com ampla participação da sociedade civil estão sob risco há alguns anos, acirradamente mais desde o início do atual governo federal.

Escrevi sobre isso em 2017, aqui. E, em 2018, também.

No caso da economia solidária, a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) foi rebaixada a Subsecretaria ainda na gestão Temer. E no atual governo, ela deixou de existir e foi transformada em departamento do Ministério da Cidadania pela MP 870/2019. O objetivo da SENAES era valorizar e coordenar atividades de apoio à economia solidária em todo o país, instituindo-a como uma política pública que de fato mostra-se importante para a economia brasileira, para além da promoção de inclusão social e do desenvolvimento justo e solidário.

No caso da saúde mental, no Brasil a Luta Antimanicomial vem sofrendo retrocessos também desde o governo Temer, com continuidade pelo atual governo federal, que alterou diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental e passou a liberar a compra de aparelhos para eletrochoque, a internação de crianças em hospitais psiquiátricos e a abstinência para pessoas com dependência química (fim da política de redução de danos).

Essas medidas, entre várias outras, representam retrocesso na política de saúde mental, trazendo o retorno a um modelo que tira o paciente da possibilidade concreta de sociabilidade, promovendo a exclusão. A Lei da Reforma Psiquiátrica, vitória da sociedade civil e dos movimentos de saúde no Brasil, foi responsável pelo fim das internações em hospitais psiquiátricos, propondo a substituição dos chamados tratamentos asilares por serviços de saúde como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), as residências terapêuticas e leitos psiquiátricos em hospitais gerais.

Se tudo isso parece distante do seu dia a dia, as feiras são uma boa porta de entrada para entender a potência dessa relação, e porque eu defendo tanto essas questões aqui. Empatia parece ser uma coisa que anda em falta para boa parte dos brasileiros e brasileiras. Bora exercitar a sua?

Foto: Aaron Blanco Tejedor/Unsplash

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Claurinda
Claurinda
5 anos atrás

Bom dia adorei a ideia muita rica sou da Economia solidária de Campo Grande MS temos uma loja muito bonita essas iniciativas são muito rica Parabéns

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