Muitas escolas estão empenhadas em transformar os espaços de aprendizagem para torná-los mais adequados ao que se considera essencial para a educação no mundo atual. Isso pode incluir mudanças importantes na configuração da sala de aula, as tecnologias utilizadas, entre outras.
Mas o que é um espaço apropriado para aprender? Qual o espaço ideal para a investigação do mundo? Que qualidades um espaço precisa ter para que as crianças se encantem, aprendam e se desenvolvam?
Acreditamos que não é suficiente aprender sobre o mundo de forma distanciada, protegida, sem ter experiências diretas com ele. O mundo pulsa, vibra. O mundo em que vivemos é vivo. Nosso planeta é vivo e tudo o que fazemos em sociedade é, afinal, também produto dos processos vivos.
Então, como conceber um espaço de aprendizagem sobre o mundo num ambiente sem vida, totalmente artificializado e sem interação visível com outros seres?
Aqui, neste blog, já conversamos sobre os espaços artificializados na infância. Mas nunca é demais retomarmos este tema, dada a sua importância. Os espaços sintéticos e artificiais não são suficientes para o desenvolvimento pleno das crianças. Um espaço de aprendizagem estimulante é aquele que está cheio de vida, com toda sua riqueza de formas, cores, processos.
Ora, se nosso grande espaço de aprendizagem que deu origem a todos os saberes desenvolvidos pelos mais variados povos em todas as eras é o próprio mundo, não seria muita prepotência nossa querer criar um espaço fechado, repleto de plástico e cimento para as crianças aprenderem?
Espaços pra aprender devem ter NATUREZA. A própria ideia de espaço tem a ver com liberdade.
É nesses espaços que as crianças podem pisar na terra, ver o céu, perceber os ciclos do tempo da natureza nas diferentes formas de vida. É um espaço-tempo organizado para respeitar o tempo e as necessidades das crianças. Para que cresçam tomando consciência, pela experiência, de que fazem parte de um fluxo sem fim, em que cada habitante deste planeta se inter-relaciona com os demais e se transforma sem cessar.
Essa capacidade de percepção deve ser a base para que os conteúdos escolares possam ser aprendidos com inteligência e autonomia.
Foto: Cherylholt/Pixabay