Versátil e tão potente, o umbu, fruto do umbuzeiro, é uma fruta nativa do nordeste brasileiro, típica da Caatinga. Sua polpa macia e agridoce, suculenta e aromática, se presta a uma série de formas de consumo, desde crua até transformada em conserva. Suco, vinagre, compota, além da tradicional umbuzada, consumida às vezes como a refeição da noite. Até mesmo cachaça e cerveja de umbu já são produzidas (o blog Bioconecta, aqui no site Conexão Planeta, mostrou algumas de suas propriedades como combater escorbuto e rugas).
Árvore com folhagem em forma de guarda-chuva, o umbuzeiro tem um sistema especial de raízes, capazes de armazenar até três mil litros de água durante a estação das chuvas, de modo a criar resistência a longos períodos de seca. Os frutos são colhidos um a um para preservar as árvores.
O umbu é uma fruta tão incrível que ganhou um festival próprio, já na nona edição este ano. Produzido pela Coopercuc, sobre a qual já falei aqui no blog, o Festival do Umbu acontece sempre no final da safra dessa fruta – mês de abril – e celebra seu potencial como fonte de renda, melhoria da qualidade de vida e organização das famílias do Semiárido, dando visibilidade à gestão cooperativista local e aos produtos da sociobiodiversidade. Além disso, fortalece parcerias institucionais e socializa experiências de grupos comunitários da agricultura familiar.
Realizado desde 2008 na cidade de Uauá, na Bahia, o festival é momento para destacar avanços do cooperativismo e debater os rumos da agricultura familiar na região. Entre os temas debatidos estão políticas públicas para a agricultura familiar, sustentabilidade dos fundos de pasto, cooperativas no Brasil, segurança alimentar, mercado etc.
Este ano, o festival será realizado em 28 e 29 de abril e terá como tema a integração dos sistemas produtivos no Semiárido. Uma das novidades trazidas é o Armazém da Agricultura Familiar, que irá apresentar a Central da Caatinga, organização que reúne dez cooperativas que trabalham com produtos de base familiar e economia solidária.
A Praça São João Batista, no centro de Uauá, reunirá agricultores e agricultoras, estudantes, expositores, organizações parceiras e convidados em painéis de debate, visita a stands de comercialização de produtos de diversos grupos do Semiárido, degustações gastronômicas e apresentações culturais.
As temáticas dos debates dialogam com as atividades desenvolvidas pelas comunidades e famílias que acreditaram e passaram a vivenciar na prática a proposta de convivência com o Semiárido: entraves e desafios para a mandiocultura, políticas públicas para a agricultura familiar e tecnologia de produção para fruticultura de sequeiro são algumas delas.
O objetivo do festival é “enriquecer a discussão em torno da diversificação dos sistemas produtivos e mostrar para as pessoas a importância da agricultura familiar em suas diferentes atividades”, define a presidenta da COOPERCUC, Denise Cardoso.
A programação cultural completa do festival inclui grupos populares regionais de música, reisado do grupo Cultura e Diversidade, de Monte Santo, e o grupo Brincantes da Rua de Baixo, formado por crianças de Curuçá. E os concursos culturais, nas categorias pintura de tela e literatura de cordel. A coordenadora de cultura do festival, Geisabel Lima, aponta que a produção artística do Semiárido é também uma ferramenta para a construção de novos saberes e práticas e promover o fortalecimento das lutas e da resistência.
Abaixo, algumas imagens de delícias feitas com umbu: casquinhas, que podem ser usadas com diversos fins, e produção de vinagre.
Fotos: Divulgação
Maravilhosa fruta e matéria, pena que a postagem veio em cima do laço pra gente que está tão longe… Abração!