Frequentemente, ao observar imagens feitas por fotógrafos famosos e que já criaram uma “assinatura visual” com sua obra, fico imaginando o que eu responderia se algum dia me perguntassem qual minha marca registrada. Eu considero que o fotógrafo transmite às fotografias um pouco de suas características pessoais. Se este for mesmo o caso, as minhas fotos são marcadas por detalhismo e perfeccionismo – sou chato e exigente comigo mesmo -, e frequentemente, acho que determinada foto que tirei poderia ter saído melhor.
Para mim não existe foto perfeita, o que me ajuda a sempre evoluir como fotógrafo. E assim, vamos à história de hoje.
Há alguns anos, tive a oportunidade de passar uns dias no Pantanal Sul com um cliente, que queria fotografar onças-pintadas, entre outros bichos. Tivemos vários encontros com estes felinos, resultando em fotos como a que abre esta postagem.
Quando mostro a imagem para os participantes de meus cursos e oficinas, todos acham ela incrível e – talvez – “perfeita”. Porém, antes desta foto real, eu exibo esta outra imagem abaixo, onde a onça aparece com sua cauda (originalmente escondida) balançando no ar – uma simples montagem que fiz no computador usando partes de outra foto.
Aproveito a montagem para explicar a meus alunos que esta questão do estilo, dos detalhes que fazem a diferença entre uma foto “boa” ou “ótima”, do perfeccionismo. Para mim, a foto original é “boa” e a que eu não consegui fazer (mostrando a cauda) seria “ótima”…
Então que, em certa ocasião, o conhecido cartunista Fernando Gonsales (do ratinho Níquel Náusea) participou de uma apresentação onde eu contava a história desta foto. Além de boas risadas, ao final da minha palestra, ele me presenteou com este desenho de sua autoria, que guardo com muito orgulho e carinho – provavelmente eu tenho mais apego à ilustração do que à foto da onça em si!
Foto: Daniel De Granville