Moro em uma área de transição entre as zonas urbana e rural de Bonito (MS). Vindo do interior de São Paulo, a escolha dessa região – e especificamente do local onde estabeleci residência – levou em conta a tranquilidade e a possibilidade de viver em contato com nossa fauna, oferecendo oportunidades para observações e registros fotográficos.
Na minha casa, localizada no meio da mata existente no terreno e arredores, não são raras as aparições de animais silvestres, o que tornaram meu quintal meio “famoso” por aqui devido às fotos de bichos que costumo compartilhar nas redes sociais.
E foi assim que, há algumas semanas, acordei por volta das 2 horas da manhã com um ruído esquisito, a poucos metros da janela do quarto, um som que lembrava a casca de uma árvore sendo arrancada. Levantei rapidamente, peguei a lanterna e descobri que era uma fêmea de tamanduá-mirim com seu filhote nas costas, escavando um pequeno cupinzeiro em busca dos insetos.
Ainda tive tempo de ir até o escritório, pegar a câmera e registrar a cena. Poucos minutos depois, terminada a refeição, a dupla saiu tranquilamente pela mata, provavelmente em busca de um abrigo para repousar e digerir sua refeição…
Ao contrário do tamanduá-bandeira, de porte maior e predominantemente terrestre, o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) sobe frequentemente em árvores, onde procura alimentos como formigas e cupins em seus ninhos ou em galhos ocos. Utiliza sua cauda preênsil como apoio, enquanto permanece com as patas dianteiras livres, de forma semelhante aos macacos.
As garras fortes e a língua comprida são adaptadas para escavar os ninhos e capturar os insetos. Quando se sente ameaçado, fica em pé sobre as patas traseiras e abre os braços como forma de parecer maior e espantar um eventual predador. De hábitos noturnos, geralmente passa o dia repousando em tocas no solo ou em ocos de árvores. É vítima frequente de atropelamentos em nossas estradas.