Já são mais de 1 milhão de refugiados, ucranianos fugindo da invasão russa ao país, segundo as estimativas mais recentes das Nações Unidas. Na tentativa desesperada para escapar do conflito, famílias inteiras, mas sobretudo mulheres e crianças, caminham horas e horas para chegar até a fronteira dos países vizinhos, principalmente, a Polônia. Lá, a espera pela aprovação de entrada na imigração também pode ser longa. E tudo isso em meio ao frio intenso do rigoroso inverno europeu.
Nessa jornada incansável pela sobrevivência, essas pessoas passam dias sem comer. O mais importante é sair da Ucrânia. Por isso, desde a semana passada a World Central Kitchen (WCK) está com equipes trabalhando na fronteira com a Polônia. Lá são servidas refeições quentes para os refugiados. Além disso, a organização está apoiando restaurantes nas cidades ucranianas Odessa e Lviv, onde a população pode conseguir um prato de comida.
Moradores da Ucrânia relatam que as prateleiras dos supermercados estão vazias e o estoque de alimentos nas casas está chegando ao fim. E sob os bombardeios das tropas russas, dificilmente será possível que caminhões com mantimentos cheguem aos ucranianos.
Refeições servidas num centro comunitário na Romênia
A WCK também enviou equipes para a fronteira com a Romênia e está preparando locais para atendimento aos refugiados na Moldávia, Eslováquia e Hungria.
Apenas na segunda, 28/02, no vilarejo de Medyka, que fica na fronteira entre a Ucrânia e a Polônia, foram servidas 4 mil refeições. Apesar da neve, os voluntários da World Central Kitchen montaram uma tenda e trabalham 24 horas por dia.
No ano passado, o empresário Jeff Bezos fez uma doação de US$ 100 milhões para a WCK. Parte desse dinheiro está sendo destinado à operação agora no leste europeu.
Atendimento em Medyka, onde os refugiados foram servidos com sopa quente,
chá, refogado de frango e torta de maça
Criada pelo renomado chef José Andrés, a World Central Kitchen é uma organização humanitária, sem fins lucrativos, que tem como principal objetivo amparar populações afetadas por desastres naturais e em zonas de conflitos. A ONG esteve presente, inclusive, na Bahia, durante as enchentes em janeiro, e em Petrópolis, após os deslizamentos provocados por temporais que deixaram mais de 200 mortos.
Celebridade no mundo da gastronomia, Andrés foi eleito pela Time Magazine, duas vezes – a última em 2018 -, uma das “100 Pessoas Mais Influentes do Mundo”. Proprietário de 31 restaurantes nos Estados Unidos, possui estrelas Michelin em seu currículo. Mas é seu trabalho humanitário que o destaca nesse universo onde há tanta gente tão boa quanto ele nas panelas.
Durante o pico da pandemia da covid, por exemplo, ele transformou seus restaurantes em cozinhas comunitárias para pessoas carentes.
A World Central Kitchen já está presente em oito pontos diferentes
da fronteira da Ucrânia com a Polônia
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Fotos: divulgação WCK