O Rio de Janeiro se tornou a primeira cidade brasileira a proibir o uso de canudos de plástico em estabelecimentos comerciais. A lei foi sancionada em julho deste ano mas, apenas na semana passada as multas passaram a ser aplicadas aos restaurantes, bares, barracas de praia e demais locais que oferecem o canudinho de plástico aos clientes.
O valor cobrado após a primeira infração é de R$ 1.650, porém a penalidade pode subir para até R$ 6 mil caso o estabelecimento seja flagrado novamente pela fiscalização. A determinação “obriga os restaurantes, lanchonetes, bares e similares, barracas de praia e vendedores ambulantes do município, a usar e fornecer a seus clientes apenas canudos de papel biodegradável e/ou reciclável individualmente e hermeticamente embalados com material semelhante”.
Ou seja, precisamos ajudar a lei a “pegar”. Se for a um restaurante, por exemplo, e te oferecerem um canudinho plástico, não aceite. Os donos de estabelecimentos precisam saber que a população está disposta a usar outras alternativas, como os canudinhos de vidro, papel, metal, silicone e bambu, todos bem menos danosos ao meio ambiente e, em muitos casos, reutilizáveis.
A medida é um avanço para diminuir o lixo plástico no mundo. Estudos indicam que, se nosso ritmo de consumo não diminuir e o descarte dos resíduos não for feito de forma adequada, em 30 anos teremos mais plástico do que peixes nos oceanos.
Só nos Estados Unidos, um levantamento do governo descobriu que são utilizados mais de 500 milhões de canudinhos plásticos diariamente. Imagine esse número multiplicado pelo consumo global!
E as sacolinhas?
A cidade de São Paulo regulamentou uma lei em 2015 que proibiu as lojas e supermercados de realizar a distribuição gratuita de sacolinhas plásticas. As antigas “sacolinhas brancas” foram substituídas pelas sacolas verde e cinza, de bioplástico, mais resistentes, menos prejudiciais ao meio ambiente e cobradas individualmente.
Muita gente achou que a medida seria um desastre. Em 2016, no entanto, a Associação Paulista de Supermercados relatou que houve uma redução de 70% no consumo de embalagens plásticas na cidade. Hoje, muitos paulistanos adotam as sacolas conhecidas como “ecobags”, mais resistentes, espaçosas e reutilizáveis.
Em junho deste ano, o Rio de Janeiro acompanhou a medida e também proibiu as sacolinhas de plástico em todo o estado. A determinação prevê até 18 meses para que os estabelecimentos se adequem às novas regras e realizem a substituição pelas sacolas biodegradáveis ou reutilizáveis, confeccionadas com materiais produzidos a partir de fontes renováveis.
Pontapé inicial
Precisamos começar de algum lugar se queremos diminuir consideravelmente a quantidade de lixo plástico no mundo e salvar os oceanos e espécies marinhas que muitas vezes acabam ingerindo ou inalando os canudinhos por confundirem os objetos com alimentos.
O caminho para salvar os oceanos do plástico não passa apenas pela proibição dos canudinhos ou das sacolinhas, mas medidas como essas ajudam a criar a consciência que se expande globalmente com a adoção de novos hábitos de consumo.
Afinal, um canudinho incomoda muita gente… mas 7 bilhões deles podem ameaçar a sobrevivência de nossos oceanos e espécies marinhas.
*Texto publicado originalmente em 26/09/2018 no site do Greenpeace Brasil
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