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Seca histórica nos rios amazônicos traz à tona gravuras rupestres milenares

Achados arqueológicos das últimas décadas comprovam que antes da chegada dos exploradores europeus às Américas, a Floresta Amazônica foi habitada por milhões de pessoas, que faziam parte de civilizações altamente organizadas e avançadas.

Alguns desses vestígios arqueológicos vieram à tona recentemente, com a seca histórica que atinge o estado do Amazonas. Com muitos rios atingindo o nível mais baixo dos últimos 100 anos, gravuras rupestres feitas nas pedras que ficam sob as águas do rio Negro viraram atração na Ponta das Lajes, na região metropolitana de Manaus.

Historiadores acreditam que as gravuras esculpidas nas rochas foram feitas entre 1 mil e 2 mil anos atrás. A maioria delas reproduz rostos humanos.

Algumas faces parecem demonstrar emoções, como sorrisos ou angústias. As gravuras foram confeccionadas provavelmente com ferramentas rudimentares, talvez machados feitos a partir de pedras lascadas. Os desenhos poderiam ser uma forma de comunicação entre os povos pré-históricos.

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A primeira vez que se descobriu a existência das gravuras na Praia das Lajes foi em 2010, quando o Rio Negro passou por outra seca. O local foi o primeiro em Manaus a ser registrado no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)*.

Apesar da curiosidade de muitos para conhecer essa parte submersa da cultura amazônica, é debaixo d’água que ela continuará mais bem preservada. Além disso, sua exposição nos dias atuais é muito preocupante. Nunca antes o Rio Negro tinha passado por uma crise como essa.

Estudos de arqueólogos indicam que a ocupação da região amazônica começou há 11 mil anos, mas o apogeu de suas civilizações teria ocorrido pouco antes dos europeus chegarem ao Brasil, lá por 1.400. A maioria dos cientistas que estudam esse passado da Amazônia concordam que havia pelo menos 5,5 milhões de pessoas vivendo ali, incluindo a floresta nos países vizinhos do Brasil.

O mais incrível é toda essa população co-existiu com a floresta de forma sustentável e muito desse conhecimento pode ser visto hoje em dia nos saberes indígenas (leia mais aqui).

Grande parte dos povos dessas civilizações morreu com a chegada dos europeus e a transmissão de doenças, para as quais eles não tinham imunidade. Cientistas afirmam que entre 90% e 95% de seus habitantes morreram, foram dizimados. Os 5% restantes são os ancestrais dos amazônidas atuais.

*Em nota, o Iphan expressou preocupação com a preservação do sítio arqueológico Ponta das Lages. O instituto declarou que “vem realizando fiscalizações regularmente na área, com apoio do Instituto Soka Amazônia, em Manaus (AM)”. O Iphan também buscou ajuda de órgãos competentes para evitar possíveis danos aos bens arqueológicos, “especialmente a Polícia Federal, o Batalhão de Polícia Ambiental e a Secretaria Municipal de Segurança Pública. Esta, por sua vez, deverá realizar patrulhas de modo a impedir qualquer dano ao Patrimônio Cultural brasileiro”. 

Leia também:
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Foto de abertura: acervo Iphan-AM

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