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Resíduos do incêndio em Maui colocam em risco a sobrevivência de corais na região

Resíduos do incêndio em Maui colocam em risco a sobrevivência de corais na região

O arquipélago do Havaí sempre foi conhecido por sua exuberante riqueza natural e a biodiversidade marinha. O recife de Olowalu – na imagem acima, antes da tragédia – fica localizado na costa oeste da ilha de Maui, por exemplo, e abriga a maior população raias manta dos Estados Unidos. Agora esse é um dos locais que podem ser impactados pelos resíduos do incêndio florestal que destruiu grande parte da cidade de Lahaina.

O alerta é de especialistas em vida marinha, entre eles o brasileiro Luiz Rocha, cientista e mergulhador, curador de Ictiologia (estudo dos peixes) da Academia de Ciências da Califórnia, em São Francisco.

“O grande problema dos incêndios é que eles destruíram a vegetação. Em geral, em regiões costeiras, é a vegetação que segura o sedimento no lugar. Sedimento indica tanto terra, solo mesmo, quanto as cinzas que queimaram no fogo”, explica Rocha. “Então queimou casa, carros e tudo mais, e todas as cinzas foram para o chão. E sem vegetação, a próxima vez que chover, todo esse material queimado vai para o mar e no litoral de Lahaina tem vários recifes de corais. Essa água diluída chegando até eles vai ser muito ruim”.

O pesquisador ressalta que corais precisam de água limpa, clara e sol para sobreviver. Com a turbidez, eles vão sofrer. Além disso, os resíduos do incêndio possuem potenciais substâncias tóxicas, provenientes da queima de veículos, por exemplo.

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Rocha afirma ainda que outras espécies, que vivem na costa ou em função dos corais, devem ser afetadas por esses detritos do fogo que acabarão, eventualmente, indo para no mar.

“Há várias espécies de peixes que também dependem de água clara para se alimentar, assim como diversos organismos nos corais que necessitam dos corais para sobreviver. Então se eles começarem a morrer, esses organismos irão sofrer”, diz. “Há umas espécies de peixe-borboleta no Havaí, que dependem do coral vivo para se alimentar. E como elas são espécies que não se movimentam muito, se os corais perecerem, elas também irão”.

Restos de carros carbonizados e logo ao lado o mar: chuva deve levar resíduos para o oceano
(Foto: divulgação / Flickr Governor Josh Green, M.D.)

Segundo o especialista, há uma interdependência na vida ao redor dos recifes de corais. Assim como na floresta, quando árvores são derrubadas, milhares de espécies são impactadas.

Até este momento, o número de vítimas do incêndio florestal de Maui, o mais letal no último século nos Estados Unidos, chega a 111 pessoas. Todavia, ainda há centenas de desaparecidos. Cães farejadores estão ajudando nas buscas, mas o reconhecimento dos corpos é muito complicado porque eles estão carbonizados.

Resíduos do incêndio em Maui colocam em risco a sobrevivência de corais na região

Imagem feita pela Estação Espacial Internacional sobre a ilha de Maui no dia 12 de agosto
(Foto: NASA Johnson/Creative Commons/Flickr)

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Foto de abertura: Kirt Edblom/Creative Commons/Flickr

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