O cacique Raoni Metuktire, do povo Kayapó, entre outras lideranças indígenas – como a ministra Sonia Guajajara e a deputada federal Célia Xakriabá (na foto acima) – foi à Nova York para participar de debates na Semana do Clima, a fim de convocar líderes globais a lidar com a crise climática sem precedentes na Floresta Amazônica, com seca extrema e incêndios florestais, a maioria criminosos.
Em um dos encontros – que reuniu líderes indígenas da América do Sul (Brasil, Equador e Peru(, na Sociedade de Cultura Ética de Nova York -, Raoni fez um apelo aos não indígenas para que reflitam sobre sua responsabilidade, principalmente em relação à mineração ilegal, à extração de madeira e à criação de gado que têm acelerado os impactos das mudanças climáticas, degradando a floresta tropical, impactando as fontes de água e secando a terra.
“Os brancos estão contribuindo para a destruição da floresta. Estou muito preocupado com o modo de vida deles, que leva à destruição dos seres vivos e do nosso planeta”, declarou.
“Precisamos de homens brancos do nosso lado para salvar a Amazônia da destruição”. Recentemente, o território Kayapó, onde ele vive, que fica em São Félix do Xingu, no sul da Amazônia, perdeu 4 mil hectares (quase 40 mil km) devido a incêndio florestal, que ainda está queimando.
É a terra indígena que mais tem sofrido com o fogo no Brasil, este ano: quase 20% do território foi queimado. “Precisamos mobilizar as nações de todos os países para fazer um grande movimento para parar essa destruição”, alertou o líder, que está com 92 anos.
DJ Alok e indígenas no Global Citizen, pela segunda vez
Célia Xakriabá também estava na cidade para fazer uma participação especial (com a frase icônica “Antes do Brasil da coroa, existe o Brasil do cocar”; assista no final deste post), no show do DJ Alok, no sábado (28), no Festival Global Citizen*, realizado no Central Park, que contou com apresentações do cantor Mapu Huni Kuî, do rapper Owerá MC e do grupo Bros MC.
Estes são alguns dos artistas indígenas que gravaram com Alok para seu último álbum, O Futuro é Ancestral (como contamos aqui).
Mas, antes do show, Raoni, Alok, Célia e Sonia, entre outros indígenas, encontraram o cantor Chris Martin, do Coldplay para uma rápida confraternização e o registro de imagens.
Foto: reprodução do Instagram de Célia Xakriabá
Foto: reprodução do Instagram de Célia Xakriabá
Crise climática e direitos indígenas na pauta do show
O show do DJ com artistas indígenas integra o movimento homônimo O Futuro É Ancestral e visa difundir a ideia de que a indústria do entretenimento também pode contribuir para conscientizar o público sobre um dos principais desafios da atualidade: a crise climática.
“As músicas de ‘O Futuro é Ancestral’ não são descartáveis, são atemporais, ancestrais, perpetuam”, declarou Alok à revista Quem, antes do show.
Este projeto também está comprometido em disseminar a importância dos direitos dos povos indígenas em ocupar múltiplos territórios na sociedade contemporânea, além de promover a harmonia entre o ancestral e o futuro, por meio da música.
“Os indígenas são a chave para o entendimento da sustentabilidade, eles são responsáveis por aproximadamente 80% da preservação da biodiversidade do planeta. Hoje, O Futuro É Ancestral não é apenas um projeto artístico, mas um movimento, uma ação que tem a música como meio, mas se desdobra em diversas áreas sociais, econômicas e culturais”, contou o DJ na mesma entrevista.
Esta é a segunda vez que o DJ Alok toca com artistas indígenas num show do Global Citizen. A primeira foi em 2021, numa balsa ancorada no rio Amazonas, onde fizeram um espetáculo belíssimo de quase dez minutos, gravado também com drone (como contamos aqui).
Desta vez, eles saíram da floresta para cantar no coração de uma das principais capitais do mundo. Esta iniciativa do Global Citizen tinha como missão cobrar as nações mais ricas para o cumprimento de ações que ajudem a driblar as mudanças climáticas.
A seguir, assista trecho da apresentação do Owerá MC, com participação de Célia Xakriabá:
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* O Global Citizen é um movimento que tem o objetivo de ajudar a erradicar a pobreza extrema até 2030. Com seus eventos anuais, que sempre buscam o engajamento da sociedade e a arrecadação de fundos para projetos e programas, a iniciativa chama a atenção das nações mais ricas para que cumpram a promessa de doar US$ 100 bilhões anualmente para atender às necessidades climáticas dos países em desenvolvimento e que as nações mais ricas e bilionários do mundo todo acabem com a crise da fome, contribuindo com, pelo menos, US$ 6 bilhões para o fornecimento urgente de milhões de refeições para 41 milhões de pessoas.
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Foto: reprodução do Instagram de Célia Xakriabá
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