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DJ Alok lança álbum ‘O Futuro é Ancestral’ com músicos indígenas de oito etnias e faz show em Brasília 

DJ Alok lança álbum 'O Futuro é Ancestral' com músicos indígenas de oito etnias e faz show em Brasília 

Em 25 de setembro de 2021 – enquanto o mundo vivia o segundo ano da pandemia da covid-19 – o DJ Alok e músicos indígenas Hunikuim, Yawanawá e Guarani Mbya participaram do Festival Global Citizen* com show emocionante numa plataforma que flutuava no rio Negro, na Amazônia e ficou marcado para sempre nas mentes e nos corações de quem assistiu ao vídeo pela internet (assista no final deste post). 

DJ Alok lança álbum 'O Futuro é Ancestral' com músicos indígenas de oito etnias e faz show em Brasília 
Show de Alok e músicos indígenas em plataforma no rio Negro, na Amazônia,
para o Festival Global Citizen de 2021
Foto: reprodução vídeo

As mesmas três músicas desse show ainda foram apresentadas na Semana Climática, no rooftop da sede da ONU, em Nova York, em 2021 (foto abaixo), e eram apenas uma pequena amostra do álbum The Future is Ancestral, que finalmente ficou pronto! 

DJ Alok lança álbum 'O Futuro é Ancestral' com músicos indígenas de oito etnias e faz show em Brasília 
Indígenas Yawanawa, Huni Kuï e Guarani, antes do show O Futuro é Ancestral com Alok, na sede da ONU / Foto: Dave Kotinsky, Getty Images/divulgação Instituto Alok

Teve pré-lançamento do novo álbum no final de março passado, no Grammy Museum, em Los Angeles, EUA, ele entrou nas plataformas de streaming ontem (19) para celebrar o Dia dos Povos Indígenas – Spotify, Apple Music, Deezer, Amazon Music, Soundcloud e Tidal – e foi apresentado, ontem (20) em seu primeiro show na festa do aniversário de Brasília.

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DJ Alok lança álbum 'O Futuro é Ancestral' com músicos indígenas de oito etnias e faz show em Brasília 
Pré-lançamento no Grammy Museum, em Los Angeles, no final de março
Foto: Felipe Miranda/divulgação
DJ Alok lança álbum 'O Futuro é Ancestral' com músicos indígenas de oito etnias e faz show em Brasília 
Lançamento do álbum ‘The Future is Ancestral’ nas plataformas de streaming, em Brasília
Foto: Instituto Alok/divulgação

Cantos ancestrais e batidas pop

O trabalho em estúdio consumiu mais de 500 horas e reuniu mais de 50 músicos indígenas de oito etniasYawanawá (Acre), Huni Kuin (Acre), Guarani Mbya (Owerá, de SP), Guarani Nhandeva (PR), Guarani Kaiowá (Bró MCs, do MS), Xakriabá (MG), Kaingang (PR) e Kariri Xocó (AL).

Um álbum impecável e delicioso de ouvir – um deleite! -, que alia cantos ancestrais e contemporâneos dessas comunidades às batidas pop eletrônicas do DJ.

DJ Alok lança álbum 'O Futuro é Ancestral' com músicos indígenas de oito etnias e faz show em Brasília 

São nove faixas cantadas nas línguas nativas de cada etnia e, como destaca Alok: “Vocês verão que não é preciso entender os idiomas indígenas para sentir o que eles têm a dizer. O Futuro É Ancestral não é somente um projeto musical, ele é um movimento para reflorestar o imaginário da nossa sociedade e sua percepção em relação aos povos indígenas e a importância de sua presença em múltiplos territórios”.

Veja o que cada canção propõe:

  • Na primeira faixa, Sina Vaishu, com os Yawanawá, nos convida a seguir o caminho dos ancestrais e fala também sobre mudança de pensamento; 
  • Com Pedju Kunumigwe, os Guarani Nhandewa também nos convidam a ouvir o som dos pássaros e da natureza;
  • Com o Canto do Vento, os Kariri Xocó se conectam com os ancestrais e com a vida;
  • Na quarta faixa, os Huni Kuin, com vocal de Mapu (ator da novela Terra e Paixão, da Globo), apresentam Yube Mana Ibubu, a extensão de uma oração que clama por sobrevivência;
  • Na companhia de Alok, Célia Xakriabá – liderança indígena e deputada federal por MG -, declama o Manifesto O Futuro é Ancestral, propondo uma reflexão sobre a origem da cultura no Brasil, com a força da palavra indígena e de sua poesia;
  • Rap Nativo, com Owerá, do povo Guarani Mbya, traz as palavras de um guerreiro, sua cultura e a ligação com o divino. E Célia participa com sua frase icônica em defesa dos povos indígenas: “Antes do Brasil da coroa, existe o Brasil do cocar”;
  • No rap Jaraha, os Guarani-Kaiowá declaram a vontade de retomar suas terras;
  • Sangue Indígena, com os Kaingang, é um grito de luta pela defesa da vida e das terras indígenas; 
  • Por fim, um remix de Sina Vaishu, dos Yawanawá, a primeira do álbum. Sobre essa canção, Alok disse à Folha de SP: “Enquanto eu trabalhava para chegar às paradas de músicas mais tocadas, eles estavam fazendo canções com intenção de curar e levar sua espiritualidade adiante. Perceber isso me transformou”. 

“Do canto ancestrônico ao show eletrônico. Reflorestando o som e levando a importância não somente de gravar músicas, mas também de estar ao lado de quem mais protege o planeta”, disse Célia Xakriabá, que também participou do projeto como roteirista.

The Future is Ancestral é o primeiro trabalho totalmente produzido por Alok. “Como produtor, consigo ser uma plataforma para potencializar as vozes dos indígenas e fazer exatamente o que eles querem. O disco é uma forma de reflorestar as mentes das pessoas e de ressignificar o imaginário coletivo. Quero semear ideias”, contou o músico à Folha de SP.

“Quando procuramos soluções para o impacto causado pelas mudanças climáticas, a única certeza que eu tenho é que precisamos ouvir o que a natureza tem a dizer, e a melhor maneira para isso, é através da música dos guardiões das florestas. Hoje, me sinto honrado em poder ser uma plataforma para amplificar as vozes da ancestralidade indígena“, declarou em coletiva de imprensa. “Meu papel não é dar voz! Isso eles já têm!”, disse o músico em outra ocasião.

Um show para celebrar Brasília 

Alok é goiano, mas passou a adolescência na capital do país. “Morei aqui dos 12 aos 23, e Brasília não merece menos que isso. A gente já circulou esse álbum no mundo inteiro, só falta no Brasil”, declarou ao G1. 

Ele se referia ao show realizado ontem à noite, na cidade, que apresentou obras de outros álbuns de Alok e músicas do novo álbum, pela primeira vez aos brasileiros, ao vivo, num palco em formato de pirâmide com 25 metros de altura, equivalente a oito andares, que permitia visão de 360 graus da plateia, como no show do Rio de Janeiro.

Na entrada do evento, foi realizada campanha de arrecadação de alimentos, que serão entregues pela Defesa Civil e pelos bombeiros à população do Distrito Federal.

Será que vai ter turnê desse álbum lindo pelo país? Pelo visto, sim. num de seus últimos posts, Alok contou: “Próximo destino: Belém, no Pará, para o lançamento da COP 30 (em 2025) na floresta. Mais novidades em breve para o anúncio da Áurea Tour 2025”. Vamos aguardar.

O Manifesto O Futuro é Ancestral, na íntegra

Agora, acompanhe a letra/poesia de Célia Xakriabá para declamar com ela o manifesto poético deste projeto no novo álbum de Alok:

Célia Xakriabá: “Nós somos um povo que resiste pela força do cantar.
Antes do Brasil da coroa, existe o Brasil do Cocar!”
Foto: Edgar Kaynako

“Na diversidade do país, aonde a cultura expressa,
Muita gente se pergunta aonde o Brasil começa.


Será que é, mesmo, lá em Brasília,
Onde impera o poder e a desigualdade social?
Ou será que é no território do povo tradicional?


A resposta é muito clara, mas inviabilizada à luta desse povo guerreiro.
Talvez nós não contribuímos para que o Brasil seja um país de primeiro mundo,
Mas, do Brasil, nós somos os primeiros.


Não contribuímos dessa forma, onde a cultura é engolida e matada
E o valor tá no dinheiro, se não tem, não vale nada.


Hoje, em dia, ainda me lembro das parábolas de uma liderança,
Pois palavras como essa, eu guardo como herança.

Um certo dia lhe perguntaram como era a cerca,
Como era o território de antigamente.
Pois essas terras eram nossas e dividimos pra muita gente.
E ele logo respondeu: “O território é cheio de ciência,
O limite de uma terra está em nossa consciência”.

Não têm levado em consideração nosso conhecimento tradicional.
Estamos sendo sufocados pelo Congresso Nacional.


Urucum e jenipapo, a força tá de pé.
E o que nos sustenta é a força do pajé.
O que nos orienta é a espiritualidade.
Chegaram, aqui e agora, as guerreiras da ancestralidade!


Vamos seguir lutando: microfone, maracá e andecí.
O poder da palavra Xakriabá e Guarani.


Nós somos um povo que resiste pela força do cantar.
Antes do Brasil da coroa, existe o Brasil do Cocar!”.

Provocamos a saída do quarto tempo
E entrar em outro tempo
De uma escuta mais sensível,
Com mais delicadeza.

Podemos até tocar no quarto tempo,
Mas que seja o tempo da natureza.
O tempo das águas, da seca, do frio é diferente.
É o tempo do vento.
Nossa luta é pela retomada do tempo
E não exatamente uma luta contra o tempo.


Procurar o ritmo do canto e da música
É ter um olhar de caçador para acertar o tom
Como tocar as pessoas sem desmatar?
É descolonizar, é reflorestar o som.

A construção desse trabalho foi construída
pelo roteiro do coração, com muitas mãos.
O útero da Terra foi nos guiando.


Nosso desejo é que, através da música,
As pessoas retomem o sorriso
A ponto de elas irem embora do show
E a alma continuar dançando.


Que a humanidade entenda que a importância de voar
é continuar cuidando do lugar onde estamos pisando.
Assim vamos retomar o sentido da vida
E o coração continuará pulsando.


Somos uma possibilidade de cura para o planeta
Para acabar com todo o mal.
Somos a raiz do passado que conecta com o hoje
E o futuro é ancestral!

A seguir, assista à parte do show no Festival Global Citizen (a performance dos músicos e cantores do povo Yawanawá); o pré-lançamento do álbum no Grammy Museum, em Los Angeles; o vídeo de lançamento do novo álbum nas plataformas de streaming (Instagram); e um post com fotos e vídeos das gravações no estúdio (Instagram), muito legal!

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Fontes: G1, Folha de SP, Instituto Alok

Fotos: Instituto Alok/divulgação

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