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Principais bancos do país só darão crédito a frigoríficos com comprovação que carne não vem de áreas desmatadas

Principais bancos do país só darão crédito a frigoríficos com comprovação que carne não vem de áreas desmatadas

O setor da pecuária é um dos principais responsáveis pelo avanço do desmatamento na Amazônia. Imensas áreas de florestas foram transformadas em lavoura para a produção de soja ou pasto para o rebanho de gado. Para tentar evitar ainda mais devastação, alguns dos principais bancos do país anunciaram um compromisso de, a partir de 2026, só fornecer crédito para frigoríficos e matadouros que garantirem a rastreabilidade e monitoramento de sua cadeia produtiva.

A norma de autorregulação aprovada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) terá adesão voluntária das instituições financeiras. Até este momento, pouco mais de 20 delas já confirmaram que irão implementar a estratégia, entre elas, Itaú, Santander, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Safra e BTG Pactual.

Segundo a Febraban, o sistema de rastreio dos frigoríficos em estados da Amazônia e no Maranhão deve estar em operação até dezembro de 2025. Todavia, num primeiro momento a rastreabilidade só incluiria fornecedores diretos e o chamado “primeiro nível dos indiretos”, o que de acordo com a federação, permitiria que 80% da cadeia estivesse monitorada.

“Sabemos que há uma série de entraves para que a rastreabilidade atinja todo o ciclo, principalmente os produtores em estágios iniciais da cadeia de fornecimento. Esses desafios passam pela existência de bases de dados atualizadas, precisas e abrangentes, além da própria capacidade de pequenos pecuaristas, por exemplo, em se adequar. Por isso, iniciamos com os fornecedores diretos dos frigoríficos e o primeiro nível dos indiretos, o que já demonstra avanço, e definimos alguns mecanismos alternativos, por exemplo para os frigoríficos de pequeno porte”, explica Amaury Oliva, diretor de sustentabilidade da Febraban, Amaury Oliva.

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O sistema de rastreio deverá contemplar informações como embargos, sobreposições com áreas protegidas, identificação de polígonos de desmatamento e autorizações de supressão de vegetação, além do Cadastro Ambiental Rural (CAR) das propriedades de origem dos animais. Aspectos sociais, como a verificação do cadastro de empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas à de escravo, também.

“Os bancos estão no epicentro das cadeias produtivas do país e irão estimular ações para desenvolver uma economia cada vez mais sustentável”, afirma Issac Sidney, presidente da Febraban. “O setor tem consciência de que é necessário avançar no gerenciamento e na mitigação dos ricos sociais, ambientais e climáticos nos negócios com seus clientes e canalizar cada vez mais recursos para financiar a transição para a Economia Verde”.

Em nota, a associação que reúne as empresas frigoríficas brasileiras criticou o novo mecanismo.

“Os frigoríficos são vistos por diferentes setores como um elo fundamental para que se imponha um ordenamento na cadeia produtiva da pecuária. Nós assumimos nossas responsabilidades, mas não aceitamos que outros setores terceirizem as suas responsabilidades para os frigoríficos”, disse a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

A entidade alega que os bancos devem estender a rastreabilidade para outras empresas do setor.

“Os fornecedores indiretos da indústria são clientes diretos de bancos, portanto é responsabilidade dessas instituições conhecer o seu cliente”, entende a Abiec.

O desmatamento e a degradação dos solos representam aproximadamente 45% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil. A maior parte dessa destruição ocorre de forma ilegal (mais de 95%, segundo dados do Mapbiomas, para o ano de 2021). E o bioma Amazônia é o que apresenta a maior área desmatada, cerca de 60% do total.

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Foto de abertura: U.S. Department of Agriculture (USDA)/rawpixel/domínio público

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Josias Martins Soares Rincon

Claro que bancos brasileiros irão exigir rastreabilidade ambiental no agronegócio porque isso é exigência de investidores estrangeiros para onde vai boa parte da produção. Graças a essa exigência do mercado global. Ainda falta muito controle porque também consumidor brasileiro não tem nenhuma referência nos produtos do agronegócio em supermercados como carnes, peixes etc. quanto a agrotóxicos (saúde pública) e licença ambiental da fonte produtora.

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