Nada como começar a semana com boas notícias. A equipe do Projeto Baleia Jubarte divulgou em suas redes sociais o primeiro avistamento de um filhote da espécie na temporada de reprodução 2021. O cetáceo estava nadando ao lado da mãe, no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no sul da Bahia, considerado o berçário das jubartes no Oceano Atlântico Sul Ocidental.
“O nascimento dos filhotes é um dos momentos mais aguardados da temporada reprodutiva das jubartes e, geralmente, se torna mais frequente a partir do mês de agosto. No entanto, nesta semana, dia 27/07/2021, nossa equipe de pesquisadores realizou mais um cruzeiro de pesquisa no Banco dos Abrolhos e encontrou este filhote saltitante acompanhado da sua mãe e de uma outra baleia que estava os escoltando”, revelou o time do projeto, que há 30 anos monitora a espécie.
Os biólogos explicam que o filhote não apresentava características de recém-nascido como as pregas fetais.
“Os filhotes são muito ativos em seus primeiros meses de vida pois, ainda aqui no litoral brasileiro, precisam tonificar e fortalecer seus músculos a fim de suportar a longa migração até as áreas de alimentação!”, disseram os especialistas.
Em geral, os filhotes ficam com as mães por cerca de 10 a 12 meses. Depois se tornam independentes. “O pai apenas acasala com a fêmea e depois segue seu caminho. As jubartes não formam casais”, explica Milton Marcondes, veterinário chefe e coordenador de pesquisa do Baleia Jubarte.
Esses cetáceos gigantes conseguem dar saltos em que seus corpos saem praticamente para fora da água. Suas imensas nadadeiras peitorais podem medir até 1/3 do comprimento total do corpo, algo em torno de 16 metros.
As jubartes podem ser encontradas em todos os oceanos. Chegam a pesar até 40 toneladas. Se alimentam basicamente de pequenos crustáceos chamados de krills, filtrando água através das barbatanas (placas de queratina que descem do céu da boca). Como é um animal do topo da cadeia alimentar, é um excelente indicador da qualidade e do equilíbrio das águas do planeta.
Aumento da população x emalhes
Todos os anos as baleias jubarte (Megaptera novaeangliae) podem ser vistas no litoral brasileiro. Elas chegam aqui, vindas da Antártica, para se reproduzir nas águas quentes dos trópicos. E graças ao aumento de sua população nos últimos anos, elas estão aparecendo com mais frequência em outros locais da costa do Brasil, como foi o caso que aconteceu há poucas semanas nas praias de Iracema e Mucuripe, em Fortaleza.
Em 2020, um censo apontou um maior número de indivíduos em nossa costa e sobretudo, de filhotes nascidos na Bahia e Espírito Santo. Estima-se que a população da espécie no país passe de 20 mil.
Todavia, com a maior presença de baleias em águas brasileiras, também vem sendo registrado um novo problema: o aumento da incidência desses animais presos e mortos em redes de pescas.
Até este momento, 94 baleias já encalharam em nosso litoral, 678 delas nos meses de junho e julho. Todos os animais estavam mortos. Deste total de ocorrências, 32 foram em Santa Catarina.
Como Marcondes nos explicou no começo, essa é uma situação que ocorre no mundo inteiro. “Onde há concentração de pesca e de baleias existe o problema. Para prevenir isso seria necessário ou modificar o equipamento de pesca para deixar ele mais fácil de ser percebido pela baleia ou para que ela consiga se desvencilhar mais facilmente dele. Mas é um processo longo, que não muda da noite para o dia, e também há muita resistência”.
Temporada das baleias jubarte 2021
Encalhes
Rio Grande do Sul – 8
Santa Catarina – 32
Paraná – 6
São Paulo – 22
Rio de Janeiro – 11
Espírito Santo – 8
Bahia – 6
Sergipe – 1
Total: 94
Fonte: Projeto Baleia Jubarte
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*Caso você aviste um mamífero, ave ou tartaruga marinha debilitada ou morta na praia, no Paraná, Santa Catarina ou São Paulo, ligue para o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), no telefone 0800 642 3341. No Rio de Janeiro o número é 0800 9995151. Sua ajuda é fundamental para salvar vidas!
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Imagem: reprodução vídeo