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Plantas de espécies invasoras extremamente inflamáveis ajudaram fogo a se alastrar em Maui

Plantas de espécies invasoras extremamente inflamáveis ajudaram fogo a se alastrar em Maui

Quase uma semana após o incêndio florestal devastador que atingiu a ilha de Maui, no Havaí, especialistas apontam quais foram as principais causas por tamanha devastação e tragédia. Até este momento já foram contabilizadas mais de 90 mortes na cidade de Lahaina, a mais destruída pelo fogo. Mas esse número deve aumentar porque há centenas de desaparecidos ainda.

Era noite quando o incêndio que atingia áreas de florestas se alastrou com uma velocidade enorme para regiões urbanas. Desprevenidos e no escuro, moradores foram pegos de surpresa. Encurraladas pelas chamas, muitas pessoas se jogaram ao mar para sobreviver.

É difícil entender como uma ilha, no meio de um arquipélago, com vegetação exuberante, tenha sido tão impactada por um incêndio. Todavia, assim como o resto do planeta, o Havaí tem registrado temperaturas cada vez mais quentes e menores períodos de chuva como consequência do aquecimento global.

Na semana passada, quando o fogo lambeu Lahaina, a milhares de quilômetros dali o furacão Dora – outro fenômeno natural que se tornou mais frequente e intenso com a crise climática – fez com que ventos de cerca de 60 km/hora atingissem Maui e servissem de gatilho para as chamas se espalharem mais ainda.

Mais existe ainda outro fator que auxiliou na alta combustão da vegetação já extremamente seca de Maui: espécies de plantas invasoras.

Durante muito tempo a ilha teve entre suas principais atividades econômicas o cultivo da cana-de-açúcar e o abacaxi. Pouco a pouco, o turismo foi se tornando mais lucrativo e as duas atividades sendo deixadas de lado. Em 2016, a última plantação de cana de Maui encerrou sua produção.

Com isso, antigas áreas de plantio foram dominadas por espécies de plantas trazidas de outros países, como gramas africanas, bastante resistentes, pois crescem rapidamente com a chuva e aguentam o calor extremo e o fogo. Usadas em pastagens, todavia, elas têm uma outra característica: são extremamente inflamáveis. Além disso, vão matando as plantas nativas.

“Muitas partes do Havaí estão tendendo a condições mais secas, MAS o problema do fogo é principalmente atribuível às vastas extensões de pastagens não nativas deixadas sem manejo por grandes proprietários de terras quando entramos em uma ‘era pós-plantação’, começando por volta da década de 1990”, afirmou o biólogo e botânico Clay Trauernicht, especialista em incêndios florestais no Havaí.

Plantas de espécies invasoras extremamente inflamáveis ajudaram fogo a se alastrar em Maui

Cenário de destruição total em Lahaina
(Foto: divulgação / Flickr Governor Josh Green, M.D.)

E não são apenas plantas que foram introduzidas em Maui pelos europeus que chegaram ali há dois séculos. Eles trouxeram também cabras selvagens, veados, porcos e ovelhas, que consomem com ferocidade a vegetação local, destroem troncos de árvores e espalham doenças.

Plantas de espécies invasoras extremamente inflamáveis ajudaram fogo a se alastrar em Maui

Por todo lado, a devastação pelo fogo: carros destruídos pelas chamas sem controle
(Foto: divulgação / Flickr Governor Josh Green, M.D.)

Lahaina era um centro cultural para Maui e no passado tinha sido a capital do então Império do Havaí. Entre as muitas preciosidades destruídas pelo fogo estão uma figueira-de-bengala, de estimados 150 anos, que era uma das atrações turísticas da cidade.

Ademais, muitos projetos ambientais, como por exemplo, de observação de baleias tinham suas bases científicas em Lahaina. Barcos e equipamentos não existem mais. Só suas carcaças retorcidas pelo fogo, assim como as casas de centenas e centenas de moradores, que ainda olham em choque para o que chamavam de lar.

Plantas de espécies invasoras extremamente inflamáveis ajudaram fogo a se alastrar em Maui

Figueira-de-bengala de 150 anos foi queimada pelo fogo
(Foto: divulgação / Flickr Governor Josh Green, M.D.)

*Com informações dos sites Science.org e The New York Times

Foto de abertura: divulgação / Flickr Governor Josh Green, M.D.

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