Atualmente existem 49 espécies de golfinhos e botos descritas pela ciência. Agrupadas em seis famílias, a dos golfinhos oceânicos é de longe a maior delas, com 37 membros. Todavia, graças ao trabalho da pesquisadora marinha brasileira Ana Costa, acaba de ser descrita uma nova subespécie do golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus).
“Embora houvesse uma crença comum de que todas as espécies já eram conhecidas, as melhorias nas tecnologias e metodologias estão ajudando a revelar uma maior biodiversidade nos últimos anos”, diz Ana, cientista do Laboratório de Mamíferos Aquáticos da Universidade Federal de Santa Catarina e da Escola de Ciências Marinhas, Atmosféricas e da Terra da Universidade de Miami Rosenstiel.
Junto com outros colegas da Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), a pesquisadora acaba de publicar um artigo científico na publicação Journal of Mammalian Evolution descrevendo a descoberta.
A nova subespécie, batizada de Tursiops truncatus nuuanu, foi identificada apenas ao leste do Oceano Pacífico tropical, numa região entre o sul da Baja Califórnia e o arquipélago de Galápagos. Menor do que os demais golfinhos-de-nariz-de-garrafa, esse prefere águas profundas.
Ana começou suas pesquisas em 2016 e para conseguir comprovar que o animal era uma subespécie fez comparações morfológicas entre 135 esqueletos de espécimes de coleções de museus americanos.
“Encontramos dois grupos morfológicos distintos: a nova subespécie e os golfinhos comuns observados principalmente nas águas do Pacífico Norte oriental e ocidental. Os primeiros podem estar se diferenciando devido às condições ambientais distintas nessas águas, como níveis de oxigênio e salinidade e condições de temperatura”, explica.
Especialistas acreditam que existam outras subespécies desses mamíferos aquáticos ainda não descritas. Até então, dentre os Tursiops truncatus, uma das poucas separada oficialmente tinha sido o boto-de-Lahille (Tursiops truncatus gephyreus), também descrito por Ana Costa, em outro trabalho, de 2016. Ele pode ser encontrado no sul do Brasil (incluindo Paraná e Santa Catarina) até o centro-sul da Argentina, mas apenas em águas costeiras (leia mais sobre ela aqui).
*Com informações da organização Whales & Dolphins e entrevista concedida a Richard Westlund, da Rosenstiel School
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Foto de abertura: NOAA/NMFS/SWFSC