Em 2019, um grupo de 12 periquitos-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) resgatados do tráfico de animais silvestres foi encaminhado para o Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, no Paraná. O habitat natural da espécie, declarada em 2003 como ‘criticamente ameaçada de extinção‘, é a região Nordeste do Brasil, originalmente em regiões do Ceará, Alagoas e Pernambuco.
Todavia, a escolha do Parque das Aves para receber os periquitos-cara-suja fazia parte de um projeto, envolvendo diversos parceiros, para salvar a espécie da extinção. Há 15 anos a Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) trabalha pela conservação dessas aves, usando inclusive, uma técnica pioneira no Brasil, a translocação de pássaros de vida livre. Graças a esses esforços, a população vem se recuperando. Há pouco mais de uma década eram menos de 100 indivíduos em vida livre na Serra do Baturité, a cerca de 100 km de Fortaleza. Atualmente são em torno de 1 mil.
Em Foz do Iguaçu, a expectativa é que os periquitos se reproduzissem. Todavia, nos dois primeiros anos das aves no novo lar não houve sucesso, até que em abril de 2023 nasceram os primeiros filhotes.
“Eles foram cuidadosamente criados por nossa equipe técnica. Aos 84 dias de vida, em junho de 2023, estes filhotes deram um passo importante em seu desenvolvimento, sendo transferidos para um recinto onde integraram um grupo maior. Esta etapa foi crucial, pois neste local, além de interagirem com indivíduos da mesma espécie, eles tiveram a oportunidade de aprimorar suas habilidades de voo em um espaço complexo, características estas de extrema relevância no preparo para a translocação”, explica Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves.
Agora, com pouco menos de um ano de idade, dois desses filhotes realizam nova jornada. Na terça-feira (23/01) eles seguiram, em avião, para a capital cearense, onde serão recebidos pela Aquasis.
“É possível salvar espécies ameaçadas de extinção em nosso país, e o periquito-cara-suja é o melhor exemplo disso. A vinda das duas aves nascidas em Foz do Iguaçu para o Ceará é apenas mais uma parte desse grande todo que é a sua conservação. E a parceria com o Parque das Aves tem sido valiosa, pois
somente trabalhando juntos vamos conseguir reverter a situação de ameaça que o periquito-cara-suja enfrenta hoje”, ressalta Fábio Nunes, coordenador do Projeto Cara-Suja.
Um filhotinho de periquito-cara-suja
(Foto: Fábio Nunes/Aquasis)
Aos poucos, os periquitos-cara-suja voltam a voar livre
Ave endêmica da Mata Atlântica nordestina brasileira, o periquito-cara-suja só é observado ali e em nenhum outro lugar do mundo. Com o corpo verde e o peito branco, esse pássaro que mede cerca de 25 cm, tem entre suas principais características uma mancha marrom na face.
Ao entardecer esse periquito se protege de predadores em ocos de árvores, entre folhas de palmeiras ou bromélias. A fêmea só se reproduz uma vez por ano, entre fevereiro e junho, e coloca seis ovos em média.
Vítima no passado da perda de seu habitat, as florestas serranas, e a captura ilegal, nos dias de hoje ele é encontrado apenas em alguns pouquíssimos pontos da Bahia, e em maior quantidade no Ceará, principalmente na Serra de Baturité.
Devido ao lindo e árduo trabalho que vem sendo feito pelo periquito-cara-suja, agora a espécie é considerada ‘em perigo de extinção’, não mais ‘criticamente’, o que seria um passo antes de desaparecer na natureza.
A espécie é social e vive em bandos familiares de aproximadamente quatro a 15 indivíduos
(Foto: Fábio Nunes/Aquasis)
Foto de abertura: Fábio Nunes/Aquasis
Os periquitos: DENOMINADOS com AVES.
Oi Washington,
Tem algum problema no texto? Não entendi o comentário.
Abraço,
Suzana