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Para receber a faixa presidencial, Lula escolhe 8 representantes do povo brasileiro: entre eles, o cacique Raoni e a catadora Aline Sousa

A cerimônia de posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva inovou e saiu do protocolo em alguns momentos. A salva de 21 tiros de canhão e os fogos de artifício não fizeram parte do ritual tradicional para atender à reivindicação de organizações de proteção animal e da causa autista, como contamos aqui. E, como, na semana passada, Bolsonaro confirmou que não passaria a faixa presidencial, essa parte da cerimônia ganhou um novo formato, configurando-se num dos momentos mais comoventes do dia de ontem, 1/1/2023.

O presidente escolheu oito representantes do povo brasileiro – contemplando mulheres, negros, indígenas, crianças, pobres e trabalhadores – para formar uma “comissão” alinhada com os princípios da diversidade social, da justiça, da igualdade e da inclusão, que lhe entregaria a faixa. A maioria deles foi beneficiada por programas sociais dos governos do PT.

Assim, ao lado de Lula, de Janja, do vice-presidente Geraldo Alckmin e de sua esposa Lu Alckmin, subiram a rampa do Palácio do Planalto o cacique Raoni Metuktire, o menino Francisco Carlos do Nascimento e Silva, o jovem influenciador da inclusão Ivan Baron, o professor Murilo de Quadros Jesus, a cozinheira Jucimara Fausto dos Santos, o metalúrgico Wesley Viesba Rodrigues Rocha, o artesão Flávio Pereira e a catadora de materiais recicláveis Aline Sousa.

Lula, os 8 representantes do ‘povo brasileiro’ e a cachorra Resistência / Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

E o presidente ainda teve a companhia de sua cachorra Resistência (acima, ele é quem a leva na trela), adotada por Janja durante o tempo em que ele esteve preso em Curitiba (conto sobre essa participação em outro post). Um desejo da primeira-dama, atendido.

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Ao chegarem à entrada do palácio, todos se viraram para a Praça dos Três Poderes, onde estava o grande público. A faixa presidencial então foi entregue à Wesley e passou pelas mãos dos escolhidos até chegar à Aline, que a colocou em Lula. Muita emoção!

Em seu discurso no Parlatório (o segundo do dia), logo após receber a faixa, Lula declarou: “Vou governar para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou em mim. Vou governar para todas e todos, olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado”.

Raoni e Lula, logo após a passagem da faixa presidencial / Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Os escolhidos

A seguir, saiba quem são os brasileiros selecionados pelo presidente para acompanhá-lo em rito tão importante no dia da posse presidencial. 

Cacique Raoni Metuktire

Líder do povo Kayapó (autodenominado mebêngôkre), Raoni nasceu na aldeia Krajmopyjakare, no nordeste do Mato Grosso. Tem cerca de 90 anos (não se sabe sua data exata de nascimento) e tem dedicado sua vida à proteção da Amazônia e à defesa dos povos da floresta

Ganhou fama internacional a partir da amizade com o cineasta belga Jean-Pierre Dutilleux, nos anos 70, e do documentário premiado Raoni.  Nos anos 80, o diretor o apresentou ao músico britânico Sting, com o qual viajou o mundo para pedir apoio para a preservação das florestas e os direitos dos povos indígenas

Em 2019, foi à Europa para denunciar ameaças de Bolsonaro à Amazônia e ao Xingu e visitou o Papa Francisco. Em 2019 e 2020, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz

Em 2020, durante a pandemia, perdeu sua companheira, Bekwyká, de infarto, e o amigo Paulinho Paiakã, devido à covid-19. Em julho, ficou muito doente, e, em agosto, pegou covid

Em 2021, recebeu o título de Membro Honorário da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). 

Aline Sousa

Catadora de materiais recicláveis desde os 14 anos, ela “herdou” a profissão da mãe e da avó materna: as três atuam na mesma cooperativa. Tem seis filhos e estuda Direito. 

Em 2012, foi eleita diretora secretária da Rede CENTCOOP-DF (Central das Cooperativas de Trabalho dos Catadores de Materiais Recicláveis do Distrito Federal) e, em 2015, tornou-se a primeira presidente da entidade. Hoje, é responsável pela Secretaria Nacional da Mulher e Juventude da Unicatadores.

Francisco Carlos do Nascimento e Silva

Filho de uma assistente social e de um advogado, que se envolvem em causas sociais, o menino de 10 anos mora em Itaquera, na periferia da cidade de São Paulo. Diz que quer ser presidente do Brasil. 

Em 2019, viajou à Curitiba, na companhia dos pais, para participar do acampamento ‘Vigília Lula Livre’. No mesmo ano, também participou do Jogo MST – Amigos do Lula e Amigos do Chico Buarque. Este ano, Francisco conquistou o primeiro lugar no campeonato da Federação Aquática Paulista. 

No último evento de Natal dos Catadores, que aconteceu em meados de dezembro, em São Paulo, encontrou Lula, de quem recebeu atenção especial (vem daí sua escolha para participar da cerimônia).

Ivan Baron

Ele tem 24 anos, nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte, e é formado em pedagogia. Aos três anos, teve meningite viral, que causou paralisia cerebral e limitou seus movimentos. 

Tornou-se ativista pela causa das pessoas com deficiência (PCD) e se apresenta como ‘influenciador da inclusão’. Diariamente, produz conteúdo sobre inclusão e ensina sobre capacistismo, termo que define as pessoas por suas deficiências e as considera inferiores às demais, reforçando estigmas e estereótipos.

Ele ficou famoso quando criticou Juliette Freire, durante sua participação no programa BBB: a cantora chamou Gil do Vigor de “aleijado”. Baron, então, aproveitou a ‘gafe’ e o desconhecimento da moça para explicar porque a fala dela era ‘capacitista’. 

Comovida com o post do jovem, Juliette repostou o conteúdo e agradeceu a correção em suas redes. Foi o que bastou para tornar Baron muito pop nesse ambiente.

Ele levou sua voz e luta para atos promovidos durante a campanha presidencial de Lula e prestou consultoria em acessibilidade para os shows do Festival do Futuro, realizados no dia da posse.

No final deste post, veja o que Ivan escreveu a respeito do novo formato do ato de passagem da faixa presidencial, do qual participou, em seu Twitter.

Jucimara Fausto dos Santos

cozinheira de Maringá, no Paraná, se iniciou na profissão por acaso, logo após participar de um concurso de culinária durante a ‘Vigília Lula Livre’, em Curitiba. Chamada para fazer pão, acabou ficando no acampamento e cozinhando por dez meses. 

Hoje, trabalha na Associação dos Funcionários da Universidade Estadual do Maringá. Paralelamente, produz pães para doação.

Murilo de Quadros Jesus

Tem 28 anos, mora em Curitiba, é professor, formado em Letras Português e Inglês (UTFPR). 

Entre 2016 e 2017, trabalhou como professor de português como língua adicional na Universidad de La Sabana (em Bogotá, Colômbia) e, entre 2021 e 2022, foi bolsista Fulbright como professor de português na Bluefield College (West Virginia, EUA).

Weslley Viesba Rodrigues Rocha

Natural de Diadema, São Paulo, é casado, pai de dois meninos, tem 36 anos e há 18 é metalúrgico. Também é DJ e integra o grupo de rap Falange: é por meio da música que ele conta sobre sua luta social.

Com o auxílio do Fies – Programa de Financiamento Estudantil, Wesley formou-se em Educação Física. Também é formado em cursos técnicos profissionalizantes de Matemática Aplicada, Desenho Técnico, Eletricista e Comandos Elétricos, no Senai da Escola Livre para Formação Integral Dona Lindu (em homenagem à mãe de Lula). 

Flávio Pereira

Ele é artesão, tem 50 anos e mora em Pinhalão, no Paraná. Também participou da Vigília Lula Livre, durante os 580 dias em que Lula esteve preso, ajudando nas atividades do cotidiano dos militantes acampados.

Foto: Ricardo Stuckert

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