Lembra dos 16 mil animais – 14 mil ovelhas e 2 mil bois – que, desde 5 de janeiro, estão confinados no navio cargueiro MV Bahijah, que partiu de Fremantle, na Austrália, para a Jordânia, no Oriente Médio, e teve que voltar para a costa australiana devido aos conflitos no Mar Vermelho?
Ninguém lembrou que a ameaça dos Houthis se intensificou como resposta aos ataques de Israel em Gaza? Nenhum navio pode arriscar passar por ali, mas o mesmo departamento que mandou o navio voltar, foi o que autorizou a partida em direção a uma zona de conflito.
Após o navio atracar na costa, a tripulação saiu, mas os milhares de animais permaneceram confinados até o governo decidir o que fazer com eles.
Foram 23 dias presos nas instalações do navio parado – portanto, sem vento -, sob calor escaldante e péssimos condições de higiene. Não à toa, 11 bois e 70 ovelhas morreram.
De acordo com o site do governo australiano, em 12 de fevereiro, os sobreviventes foram finalmente retirados de lá, desembarcados em caminhões e encaminhados a “instalações adequadas”, em mais uma viagem estressante.
Agora, a empresa israelense Bassem Dabbah, responsável pela exportação desses animais, anunciou que, depois que eles tiverem “descansado em terra por dez dias”, devem ser reexportados. Ela ainda aguarda autorização.
Parece inacreditável, mas, neste momento, outros 60 mil animais estão aprisionados no navio Jawan, em alto mar, que também saiu da Austrália e terá que passar por zona de conflito para chegar a seu destino.
O destino terrível desses animais, a gente conhece: é a morte em frigoríficos. Mas o sofrimento adicional pelo qual passam nessas viagens, para atender a exigências de certos países – o abate deve ser executado de acordo com suas regras religiosas – é muito desumano e tem mobilizado ativistas no mundo todo.
Sua intenção é conseguir aprovar leis que proíbam a exportação de animais vivos, que não passam de pedaços de carne para os envolvidos nesse negócio tão lucrativo.
Luta no Brasil
Há anos as organizações de proteção animal clamam por uma legislação nacional que proíba a exportação de animais vivos em navios que saiam de portos brasileiros.
Uma de suas maiores mobilizações aconteceu quando, em fevereiro de 2022, o país recebeu o navio jordaniano Mawashi Express, considerado o maior navio cargueiro do mundo para transporte de animais, que atracou no Porto da Vila do Conde, em Barcarena, no Pará, para embarcar mais de 30 mil bois!
Já imaginou a dimensão dessa operação? E o sofrimento desses animais? E esta não era a primeira vez que esse navio vinha ao Brasil: ele já havia estado aqui por duas outras vezes, a última em 2017.
A luta das ONGs obteve uma primeira vitória na Justiça Federal, em abril de 2023, quando, em decisão liminar, o órgão proibiu a exportação de animais vivos em portos de todo o país.
Mas, apesar do avanço, animais continuam sendo submetidos a esse tipo de crueldade em nosso país. Isso tem que ter fim!
E você pode colaborar para acabar com tanto martírio assinando esta petição para pedir aos parlamentares do Congresso Nacional, a aprovação dos Projetos de Lei PL 3093/2021 (parado desde setembro de 2021 na Câmara dos Deputados) e PL 3316/2021 (idem).
Manifestação nacional
Em 24 de março, o Movimento Carga Viva Não – São Paulo realizará mobilização nacional contra a prática de exportação de animais vivos no Brasil.
Para saber a que horas e local acontecerá em sua cidade, envie mensagem direta no Instagram do coletivo.
Em São Paulo, o encontro está marcado para 14h, no vão do MASP – Museu de Arte de São Paulo, na Avenida Paulista, junto com outros coletivos.
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Foto de abertura: reprodução de vídeo da Stop Live Exports
Isso foi e sempre será uma covardia e uma crueldade, principalmente por parte de quem deveria usar a caneta para fazer algo de bom pela humanidade, não pensar só no dinheiro que podem ganhar com isso, esses países não se importam com nada, e tem os outros que só se preocupam com o máximo de dinheiro que vão ganhar! Belo exemplo pros seus parentes mais novos!!.