A imagem chocante acima de um barco encalhado no que então era o Lago do Puraquequara, em Manaus, é mais uma daquelas que mostram os impactos da seca histórica da Amazônia. Em outubro, rios secaram, cidades ficaram cobertas pela fumaça das queimadas e centenas de botos apareceram mortos.
Não há mais dúvidas de que o clima está dando claros sinais de anomalias. E a comprovação científica de que algo muito alarmante está em curso vem com a publicação do novo relatório mensal do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia, divulgado nesta quarta-feira (08/11).
Mês a mês, são analisadas as condições do clima no planeta, levando em conta as temperaturas da superfície do ar e do mar, a cobertura de gelo marinho e as variáveis hidrológicas, baseadas em milhões de dados e informações. E como não deve ser surpresa mais para ninguém, as notícias não são boas.
Os especialistas da entidade apontam que o mês passado foi o outubro mais quente já registrado na Terra, desde que começaram a ser feitas essas medições há 125 anos.
Segundo o C3S, a temperatura de outubro como um todo, incluindo aquela da superfície do ar e do mar, foi 1,7°C mais alta do que uma estimativa da média de outubros entre 1850 e1900, o período de referência pré-industrial designado.
E isso tem se mostrado uma tendência ao longo dos últimos dez meses. Julho, por exemplo, teve a semana mais quente da história: do Líbano ao Rio Grande do Sul.
De janeiro até agora, a temperatura global para 2023 é a mais alta já registrada, 1,43°C acima da média pré-industrial e 0,10°C acima da média de dez meses de 2016, atualmente o ano mais quente já registrado até os dias de hoje.
“Outubro de 2023 assistiu a anomalias de temperatura excepcionais, na sequência de quatro meses de obliteração dos registos de temperatura global. Podemos dizer com quase certeza que 2023 será o ano mais quente já registado e está atualmente 1,43ºC acima da média pré-industrial. A urgência de uma ação climática ambiciosa na COP28 nunca foi tão grande”, alertou Samantha Burgess, diretora do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus.
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP28, será realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai.
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Foto de abertura: Alberto César Araújo/Amazônia Real