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O mês de abril acabou, mas os povos indígenas, não! Como manter sua cultura viva na escola?

O mês de abril é aquele no qual mais falamos sobre os povos indígenas. Apesar de a sociedade ter avançado muito nas reflexões sobre o tema, em geral as escolas tratam o Dia do Índio como a única data na qual se fala sobre o assunto.

Mas além da escassez de lembranças, os professores o fazem de forma descontextualizada e estereotipada, como se os nossos povos originários não existissem mais.

Quem não se lembra de quando era criança, nessa data, ter o rosto pintado por um adulto com dois traços nas bochechas e ainda usar um cocar de papel com um pena no centro? Ah, claro! Não podia faltar o som de uuuuuuu, enquanto batíamos levemente com a mão na boca para abafar um pouco o som.

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Era assim que a existência desses povos era considerada e ainda é reverenciada em muitas situações: sem vínculo e sem conhecimento de sua riqueza.

Desde 2008, o estudo da história e da cultura afro-brasileira e indígena no Ensino Fundamental e Médio é obrigatório (Lei 11645) no Brasil. Apesar disso representar um avanço, a forma como esses conhecimentos são trabalhados deixam a desejar, principalmente pelo teor das referências.

De acordo com Raquel da Silva Goularte, Karoline Rodrigues de Melo, em sua obra A lei 11.645/08 e a sua abordagem nos livros didáticos do ensino fundamental, “os textos presentes nos livros didáticos analisados abordam superficial e minimamente a história e a cultura dos afrodescendentes e indígenas”.

Nos últimos anos e especialmente na pandemia, as vozes dos diversos povos originários e afro-brasileiros estão emergindo no cenário cultural/virtual com cada vez mais força.

Inúmeros livros, vídeos, filmes, programas, projetos, festivais e lives estão sendo produzidos e realizados e têm nos mostrando e ensinado, com profundidade, suas experiências, suas cosmovisões e seus desejos de como devem ser respeitados. 

Assim, acreditamos ser fundamental expandir as discussões sobre as questões indígenas nas escolas para além de abril. Para ajudar nessa proposta, elencamos algumas formas de aprender e de se conectar com a beleza e a riqueza desses povos:

1. Nas redes sociais

Por meio de páginas e perfis nas redes sociais, é possível aprender mais sobre diferentes povos, perspectivas e culturas indígenas, sobre sua atualidade. Damos algumas sugestões aqui, via Instagram, nossa rede favorita: Ailton Krenak, Cristian Wariu, Cristine Takuá, Daniel Munduruku, Dorrico Julie, Kaká Werá e Watakalu.

2. Livros, cadernos e vídeos

A Editora Dantes e o Ciclo de Estudos Selvagem promovem conversas e reflexões essenciais sobre o tema, articulando filosofia, ciência e saberes dos povos.

3. Enciclopédia dos Povos Indígenas Brasileiros

Publicada desde 1998, pelo Instituto Socioambiental, no formato digital, a Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil (PIB) traz informações sobre todas as etnias registradas até o momento, incluindo isolados, dos quais se tem pouquíssima informação.

É possível fazer a pesquisa por etnia e por localidade. Este é um site daqueles que vale uma boa exploração para se mergulhar na imensa diversidade de povos, com seus saberes e expressões únicos.

O ISA também lançou a versão da enciclopédia para as crianças – Mirim – Povos Indígenas do Brasil – perfeita para trabalhar com os alunos.

4. Waapa

Fotograma do filme Waapa

Este é o titulo de um documentário de curta-metragem que faz parte do projeto Território do Brincar. Não precisaria a gente dizer mais nada, só o nome deste projeto vale a indicação; ele tem outras produções que revelam brincadeiras indígenas em diferentes povos.

O filme registra o “aprender brincando” da infância Yudjá, povo que vive às margens do Xingu. Nós falamos sobre ele aqui no blog:

“Lá está ‘os’ meninas e ‘as’ meninos, a natureza e suas descobertas: dos bebês que dão seus primeiros passos ao redor das mulheres que estão em seu ofício ralando e preparando a mandioca, às meninas que se preparam para tecer e os meninos que se preparam para caçar”. Foi no texto: A natureza, a criança e seu poder criador e transformador

O Conexão Planeta publicou, aqui no site, dois textos sobre o filme: um é uma resenha de Raquel Franzin – Novas lentes, novos horizontes – e outro, de Paula Mendonça sobre o convívio com o povo Yudjá – A Natureza que ensina -, ambas especialistas do Instituto Alana.

O documentário está disponível na plataforma VideoCamp. No final deste post, assista ao trailer.

5. Marlui Miranda

Ela não é apenas cantora e compositora, mas uma pesquisadora da cultura indígena brasileira, muito envolvida com esses povos.

Vale pesquisar sua obra, da qual destacamos o CD Fala de Bicho, Fala de Gente, lançado pelo SESC em 2014, que aborda cantigas de ninar dos povos Juruna e Yudjá.

No final deste post, assista aos bastidores da gravação do CD com Marlui. Ela conta como o projeto foi desenvolvido.

6. Caminhos

Escritos por Peo (Maria Amélia Pinho Pereira), fundadora da Casa Redonda, os livros da coleção Caminhos são convites para a exploração do traço, do espaço e das cores, em imagens inspiradas pelo grafismos e pelas tramas de cestaria indígena.

7. Crianças indígenas: ensaios antropológicos

Está aqui um livro que, quem estuda a cultura da infância brasileira, PRECISA ler. Um livro para expandir reflexões e ações a partir da narrativa etnográfica.

Para quem está trabalhando na escola, destaque para o ensaio Pequenos Xamãs: crianças indígenas, corporalidade e escolarização.

A seguir, os dados do livro: LOPES DA SILVA, Aracy, NUNES, Angela e MACEDO, Ana Vera (orgs.). 2002. Crianças indígenas: ensaios antropológicos. São Paulo: Global. 280

Edição: Mônica Nunes / Foto (destaque): Renato Soares (kayapó)

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