Suas flores são pequenas, medem entre 1,5 e 2 mm, e quando brotam têm um tom verde-esbranquiçado, que com o passar do tempo passa a ser alaranjado. Apesar do tamanho diminuto e de sua delicadeza, a orquídea chamou a atenção do botânico Mathias Engels quando ele fazia uma trilha na Serra do Mar, próximo ao Pico Paraná, em 2019.
Experiente, o pesquisador do programa de doutorado da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que já coletou mais de dez mil amostras para coleções científicas, decidiu levar o achado para o herbário da instituição. Pois graças ao seu trabalho é que agora uma nova espécie de orquídea brasileira é descrita!
Em um artigo científico divulgado na publicação Lankesteriana: International Journal on Orchidology, os pesquisadores Thiago Faria dos Santos e Eric de Camargo Smidt relatam a descoberta da nova espécie, batizada de Malaxis engelsii, encontrada em altitudes mais altas de florestas da Mata Atlântica, no Paraná. A escolha do nome científico é uma homenagem a Engels.
A planta tem entre 4 e 7 centímetros de altura e foi achada em um tronco caídos no chão – ela é classificada como epífita, ou seja, vive sobre outras usando-as como suporte. Suas folhas têm um formato de coração.
“Esta espécie é caracterizada por seu pequeno porte, folhas elípticas, flores com sépalas parcialmente conadas, labelo trilobado [pétala mais chamativa, usada muitas vezes como plataforma de pouso para os insetos polinizadores] com quatro cavidades e uma quilha longitudinal na superfície adaxial do ápice do labelo”, descrevem os pesquisadores no artigo.
Para os autores do estudo, a nova orquídea deve ser considerada já em risco de extinção, pois é observada somente em um ambiente restrito e é bastante rara.
Importância do estudo para a diferenciação das espécies
Dentro da Botânica, a família das orquídeas é chamada de Orchidaceae. É uma das mais numerosas do reino vegetal. O número de espécies conhecidas é estimado em torno de 29.500 -, três vezes maior do que de aves. E essas flores possam ser observadas em praticamente todo o globo terrestre, inclusive no Círculo Polar Ártico, contudo, a grande maioria delas se encontra em regiões tropicais, como o Brasil.
Só o gênero Malaxis, que em grego significa “delicado”, abrange cerca de 170 espécies, dez delas em nosso país.
Muito antes do pesquisador da UFPR se deparar com a Malaxis engelsii na trilha no município de Campina Grande do Sul, o botânico Gerdt Hatschbach já tinha coletado uma amostra da mesma planta, em 1947, todavia, não fora o suficiente para realizar a descrição da espécie. Mas ela foi depositada no herbário do Departamento de Botânica da universidade paranaense e ajudou, mais de 70 anos depois, Mathias a concluir seu estudo.
*Com informações contidas no texto da revista Ciência UFPR
————-
Acompanhe o Conexão Planeta também pelo WhatsApp. Acesse este link, inscreva-se, ative o sininho e receba as novidades direto no celular
Leia também:
Orquídeas surgiram na Laurásia, quando os dinossauros ainda andavam sobre a Terra
Desmatamento ameaça abundância e diversidade das abelhas-das-orquídeas na Amazônia
Orquídeas em perigo: destruição invisível, extinção silenciosa
Com drone, pesquisadores encontram orquídea raríssima no alto de um jequitibá centenário
Foto de abertura: Mathias E. Engels/LSEMP/UFPR