Depois de três semanas de viagem a bordo de um catamarã – para cruzar o Atlântico dos Estados Unidos à Europa – e de uma passagem rápida por Lisboa -, a ativista sueca Greta Thunberg chegou finalmente a Madrid, na semana passada, conforme mostramos neste outro post. Havia muita expectativa pela chegada da jovem, que desde o ano passado inspirou milhões de jovens no mundo inteiro a protestarem nas ruas no movimento batizado de #FridaysForFuture.
A capital da Espanha está sediando a Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, a COP 25, que começou no dia 2 e termina em 13 de dezembro, e reúne representantes de mais de 200 países. Originalmente, o evento iria ser realizado no Brasil, mas o governo Bolsonaro se recusou a recebê-lo, alegando falta de dinheiro. Depois, o Chile se prontificou a ser sede da reunião, mas devido aos conflitos sociais, foi obrigado a cancelá-lo.
Na sexta pela manhã (06/12), a adolescente participou da programação oficial da COP 25, e novamente, criticou a inação de governos para combater a emergência climática e reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.
“Estamos em greve há mais de um ano e basicamente nada aconteceu”, afirmou. “A crise climática ainda está sendo ignorada por quem está no poder e não podemos continuar assim.”
Greta, participando do #FridaysForFuture, em Madrid
No final do dia, quando já estava escuro na capital da Espanha, a ativista subiu ao palco, diante de meio milhão de pessoas. Muito aguardada por todos, ela iniciou seu discurso agradecendo a presença dos manifestantes em espanhol. Depois, lembrou a todos que o planeta vive uma emergência climática e ambiental. “E precisamos tratar esta crise como uma crise. Temos que sair da nossa zona de conforto”, ressaltou.
Greta enfatizou o papel dos líderes globais em proteger as atuais e futuras gerações. “Precisamos emprestar nossas vozes às populações do Sul (Hemisfério) e aos povos indígenas, que são os que mais estão sofrendo com a crise climática. A mudança que precisamos não virá daqueles no poder, mas daqueles que exigem. Nós queremos mudanças”.
Assim como em seu discurso na ONU, em Nova York, em setembro, ela voltou a falar que os políticos não podem continuar impunes.
“Nossos líderes precisam assumir sua responsabilidade perante a crise climática. Eles estão nos traindo e não vamos deixar que isso continue acontecendo. A hora é agora: chega! A mudança chegará, queiram vocês ou não”.
A jovem destacou que, apesar de governos estarem reunidos, na COP 25, para debater soluções para enfrentar a crise climática e reduzir as emissões de carbono, a esperança para que algo seja feito está nas ruas, no poder da sociedade e das pessoas, que precisam deixar claro que exigem mudanças.
“Hoje há 500 mil pessoas aqui. Temos que continuar. Precisamos garantir que o momentum não morra”.
Multidão reunida para ouvir Greta, na capital espanhola
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Fotos: UNClimate Change/Creative Commons/Flickr (abertura) e demais reprodução Facebook Greta Thunberg