“Eu saí do útero de minha mãe amando os animais. Tinha dez anos quando juntei dinheiro e comprei um livro usado do Tarzan. Foi quando decidi que iria trabalhar com animais e morar na África. Aprendi que os chimpanzés podem ser amorosos e, infelizmente, assim como nós ter um lado obscuro e criar inimigos. É muito infeliz que estejamos destruindo florestas, rios e manguezais e vendo as pessoas não parar de pensar apenas em dinheiro”, disse a primatologista e antropóloga britânica Jane Goodall, que está no Brasil.
Aos 89 anos, a maior especialista em chimpanzés do mundo e uma das principais vozes mundiais pela proteção do meio ambiente e do planeta, veio ao país para participar de gravações de um documentário sobre a Amazônia, divulgar o trabalho de seu instituto, Roots & Shoots, criado para inspirar jovens a serem agentes de mudanças em suas comunidades, e dar algumas palestras.
Na sexta-feira Jane esteve em Brasília, onde encontrou com a ministra do Meio Ambiente e do Clima, Marina Silva, e visitou a sede do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais, o Ibama. Lá ela atraiu – como sempre – uma pequena multidão de admiradores.
“Ela tem percorrido o mundo para inspirar as novas gerações. Tem percorrido regiões do mundo, foi à Amazônia, conheceu de perto o trabalho de fiscalização do Ibama e visitou áreas de garimpo. Para nós é um prazer enorme recebê-la aqui”, declarou Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama.
O encontro com a ministra Marina Silva
(Foto: Diogo Zacarias / MMA)
Sempre acompanhada de um macaquinho de pelúcia com uma banana na mão, que a ajuda a promover o seu trabalho pelos chimpanzés, Jane contou mais sobre sua trajetória, conversou com servidores e posou para diversas fotos.
Jane Goodall durante a visita em Brasília
(Foto: divulgação Ibama)
Antes de Brasília, a primatologista esteve na Amazônia, junto com o cineasta e documentarista Richard Ladkani. Lá foram gravadas várias cenas da futura produção, que tem como foco os esforços voltados à proteção do bioma e a resistência dos povos indígenas.
Jane se encontrou com as mulheres à frente do Instituto Juma, a líder indígena Juma Xipaia – que aparece na foto em destaque nessa reportagem -, e sua mãe, Maria Lúcia Xipaia.
“Duas incríveis mulheres de esperança. Jane Goodall e Juma Xipaia, lado a lado, unidas na luta pelo melhor do planeta. Não poderia estar mais feliz por ter ajudado a uní-las. Grandes coisas estão por vir – mais sobre isso em breve”, escreveu Ladkani em seu perfil no Instagram.
Depois de Brasília, Jane seguiu para São Paulo, onde encontrou diversas pessoas relacionadas com a causa ambiental e onde dará novas palestras.
Registro das filmagem de “Amazônia” com a participação de Jane Goodall
(Foto: reprodução Instagram Richard Ladkani / Malaika Pictures)
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Foto de abertura: reprodução Instagram Richard Ladkani / Malaika Pictures